- Sabes o cão da X? Detectaram-lhe um tumor, teve que ser operado e a operação foi um balúrdio.
- Sabes o cão do Y? De cada vez que vai ao veterinário são não sei quantos euros só de consulta de rotina.
- Sabes a Z? Sofreu tanto quando o cão morreu que nunca mais quis outro.
- Sabes....?
Não sabia, mas faziam questão que soubesse. Só que o que eles não sabiam também é que todas aquelas histórias dramáticas me faziam querer ainda mais ter um cão. Todas aquelas histórias me aguçavam ainda mais o apetite. E faziam-me sonhar com o fruto proibido. Afinal de contas, como é que algo tão fofo podia ser tão mau? E, além do mais, se era tão mau, porque é que toda a gente tinha cães? Na ausência de autorização para a aquisição canina, cheguei a comprar hamsters, mas não era a mesma coisa. Cheguei a levar para casa um gatinho persa cor de mel lindo... mas não era igual. Eu queria mesmo era um cão. Desde sempre.
Assim, quando finalmente tinha reunido todas as condições - horário mais ou menos certo, salário fixo, independência e ainda por cima a trabalhar perto de casa -, tomei a tão aguardada decisão. A raça já sabia (fox terrier de pelo de arame), mas decidi ler primeiro na internet se se adequava a um apartamento e ao meu estilo de vida. Depois, fui procurar criadores no país. E procurar referências sobre eles. Quando finalmente encontrei um que me pareceu apropriado, liguei-lhe. Liguei-lhe e estivemos logo quase uma hora a conversar, o que me fez logo perceber que estava perante um apaixonado pela raça. Por sorte, a cadela dele tinha acabado de ter uma ninhada (faz agora três anos) e podia visitá-los quando quisesse. Assim fiz. Viajei uma hora para os conhecer. E começou o enamoramento. Desde esse dia até ao dia em que a trouxe depois para casa passaram ainda dois longos e difíceis meses. Finalmente, no fim do Verão, em meados de Setembro, lá a fui buscar.
- Já sabe qual é a escolhida?
- Já! É aquela que lhe tinha dito.
- Ok. A mais maluca, não é?
- Sim...
- Por acaso pensei que fosse escolher a outra mais calminha. Esta vomitou quando aqui veio, não foi?
- Foi. Veio ter comigo muito fofinha, deu-me umas lambidelas, mas depois virou costas, toda independente, e pôs-se a comer as flores do canteiro. Até que teve vomitar tudo. Mas achei-lhe piada assim: cheia de personalidade e meia maluca.
- Lá isso é verdade. Destaca-se dos outros. É a que tem mais energia.
E assim foi. A maluca continuou cheia de personalidade, muito independente, muito destemida, muito maria-rapaz. Mas com um lado muito fofinho e carente, principalmente quando estou mais tempo fora de casa. Anda sempre sempre atrás de mim e tornou-se, quase três anos depois, parte da família. E os meus pais? Já perceberam que não é preciso grande jardim, mas apenas muito amor. Já perceberam que não temos que estar sempre com ela, pois o mais importante é o tempo de qualidade, é o tempo das brincadeiras e actividade física. Já perceberam que afinal não dá tanto trabalho assim. E já perceberam que os tais balúrdios gastos no veterinário eram exagerados. Arriscaria até a dizer que, neste momento, rezam já pelo dia em que vou de férias só para poderem ficar com ela. Sim, com o tal fruto proibido de outros tempos...
Caros "avós": não se preocupem, porque já falta pouco para eu ir de férias e ficarem em modo "petsitting". Admitam lá que me adoram... |
Coincidência, em miúda também nunca me deixaram ter um cão.
ResponderEliminarÉ uma Fofa a tua menina.
Oh é tão fofinha =)
ResponderEliminarComo te compreendo. sofri como descreves ainda consegui um caniche que a minha mãe o deu ao final de uma semana por ele nao comer nada e preocupava lhe tudo o que descreves mais o facto de nao comer... ficamos de rastos (eu e a minha irmã). Com tanto sofrimento pelo nosso kiko ter ido embora, perdemos o apetite... agora eramos 3 sem fome...
ResponderEliminarLá teve da minha o ir buscar :)
Apesar de so ter estado um ano connosco dado o vet aqui da zona na altura em vez de vacinas trocava por agua distilada.. e acabou por falecer com uma doença pela qual estava vacinado...enfim
Logo apos da morte do kiko fomos buscar uma kika pois ja nao podiamos viver sem aquela alegria e foi assim que ficou vonnosco 19 fantasticos anos sem doencas, com um apetite de ursa e qd faleceu foi por velheci sem sofrimento ...
Agora que sou uma mulher com o meu emprego e a minha casa comecei por duas cadrlas da mesma raca uma morreu e adoptei uma gatinha :) que diferença o que interessa é que está sempre na brincadeira com a cadels ;)
Os animais sao fantásticos. Houve alguém que disse "Ninguém sabe o que é ser verdadeiramente amado até ter um cão. "
;)
também gosto muito de cães, mas tal como tu também só os tive quando consegui a minha casa. hoje são 4, os pais e dois filhos.
ResponderEliminarBjos
Maggie
Revi-me totalmente, esperei 21 anos pelo Lord, um beagle. Os meus pais usavam exactamente as mesmas desculpas, e só me fazia desejar ainda mais um cão. Um dia cheguei a casa e apenas comuniquei que tinha adquirido um novo hospede, e eles lá baixaram a guarda e aceitaram. Escolhi também o que era mais traquina, mexido e refilão.
ResponderEliminarPassado um ano o Lord faz jus ao seu nome, é tratado como o menino dos meus pais, acho que, quase, gostam mais dele que eu.
Gostei do que li e do blogue que descobri. Parabéns!
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