quinta-feira, 18 de julho de 2013

Foi já há três anos...

Começou logo em pequenina. "Não podemos ter um cãozinho?". Não, senhor, não podíamos, explicavam-me os meus pais. Porque um cão precisava de um jardim muito grande. Porque um cão precisava que houvesse sempre alguém para brincar com ele. Porque um cão dava muito trabalho. Porque um cão ficava muito caro. Porque um cão fazia sofrer depois os donos que se afeiçoavam a ele.
- Sabes o cão da X? Detectaram-lhe um tumor, teve que ser operado e a operação foi um balúrdio.
- Sabes o cão do Y? De cada vez que vai ao veterinário são não sei quantos euros só de consulta de rotina.
- Sabes a Z? Sofreu tanto quando o cão morreu que nunca mais quis outro.
- Sabes....?
Não sabia, mas faziam questão que soubesse. Só que o que eles não sabiam também é que todas aquelas histórias dramáticas me faziam querer ainda mais ter um cão. Todas aquelas histórias me aguçavam ainda mais o apetite. E faziam-me sonhar com o fruto proibido. Afinal de contas, como é que algo tão fofo podia ser tão mau? E, além do mais, se era tão mau, porque é que toda a gente tinha cães? Na ausência de autorização para a aquisição canina, cheguei a comprar hamsters, mas não era a mesma coisa. Cheguei a levar para casa um gatinho persa cor de mel lindo... mas não era igual. Eu queria mesmo era um cão. Desde sempre.

Assim, quando finalmente tinha reunido todas as condições - horário mais ou menos certo, salário fixo, independência e ainda por cima a trabalhar perto de casa -, tomei a tão aguardada decisão. A raça já sabia (fox terrier de pelo de arame), mas decidi ler primeiro na internet se se adequava a um apartamento e ao meu estilo de vida. Depois, fui procurar criadores no país. E procurar referências sobre eles. Quando finalmente encontrei um que me pareceu apropriado, liguei-lhe. Liguei-lhe e estivemos logo quase uma hora a conversar, o que me fez logo perceber que estava perante um apaixonado pela raça. Por sorte, a cadela dele tinha acabado de ter uma ninhada (faz agora três anos) e podia visitá-los quando quisesse. Assim fiz. Viajei uma hora para os conhecer. E começou o enamoramento. Desde esse dia até ao dia em que a trouxe depois para casa passaram ainda dois longos e difíceis meses. Finalmente, no fim do Verão, em meados de Setembro, lá a fui buscar.
- Já sabe qual é a escolhida?
- Já! É aquela que lhe tinha dito.
- Ok. A mais maluca, não é?
- Sim...
- Por acaso pensei que fosse escolher a outra mais calminha. Esta vomitou quando aqui veio, não foi?
- Foi. Veio ter comigo muito fofinha, deu-me umas lambidelas, mas depois virou costas, toda independente, e pôs-se a comer as flores do canteiro. Até que teve vomitar tudo. Mas achei-lhe piada assim: cheia de personalidade e meia maluca.
- Lá isso é verdade. Destaca-se dos outros. É a que tem mais energia.
E assim foi. A maluca continuou cheia de personalidade, muito independente, muito destemida, muito maria-rapaz. Mas com um lado muito fofinho e carente, principalmente quando estou mais tempo fora de casa. Anda sempre sempre atrás de mim e tornou-se, quase três anos depois, parte da família. E os meus pais? Já perceberam que não é preciso grande jardim, mas apenas muito amor. Já perceberam que não temos que estar sempre com ela, pois o mais importante é o tempo de qualidade, é o tempo das brincadeiras e actividade física. Já perceberam que afinal não dá tanto trabalho assim. E já perceberam que os tais balúrdios gastos no veterinário eram exagerados. Arriscaria até a dizer que, neste momento, rezam já pelo dia em que vou de férias só para poderem ficar com ela. Sim, com o tal fruto proibido de outros tempos...
Caros "avós": não se preocupem, porque já falta pouco para eu ir de férias e
ficarem em modo "petsitting". Admitam lá que me adoram...

6 comentários:

  1. Coincidência, em miúda também nunca me deixaram ter um cão.

    É uma Fofa a tua menina.

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  2. Como te compreendo. sofri como descreves ainda consegui um caniche que a minha mãe o deu ao final de uma semana por ele nao comer nada e preocupava lhe tudo o que descreves mais o facto de nao comer... ficamos de rastos (eu e a minha irmã). Com tanto sofrimento pelo nosso kiko ter ido embora, perdemos o apetite... agora eramos 3 sem fome...
    Lá teve da minha o ir buscar :)
    Apesar de so ter estado um ano connosco dado o vet aqui da zona na altura em vez de vacinas trocava por agua distilada.. e acabou por falecer com uma doença pela qual estava vacinado...enfim
    Logo apos da morte do kiko fomos buscar uma kika pois ja nao podiamos viver sem aquela alegria e foi assim que ficou vonnosco 19 fantasticos anos sem doencas, com um apetite de ursa e qd faleceu foi por velheci sem sofrimento ...
    Agora que sou uma mulher com o meu emprego e a minha casa comecei por duas cadrlas da mesma raca uma morreu e adoptei uma gatinha :) que diferença o que interessa é que está sempre na brincadeira com a cadels ;)
    Os animais sao fantásticos. Houve alguém que disse "Ninguém sabe o que é ser verdadeiramente amado até ter um cão. "
    ;)

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  3. também gosto muito de cães, mas tal como tu também só os tive quando consegui a minha casa. hoje são 4, os pais e dois filhos.

    Bjos

    Maggie

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  4. Anónimo23:26

    Revi-me totalmente, esperei 21 anos pelo Lord, um beagle. Os meus pais usavam exactamente as mesmas desculpas, e só me fazia desejar ainda mais um cão. Um dia cheguei a casa e apenas comuniquei que tinha adquirido um novo hospede, e eles lá baixaram a guarda e aceitaram. Escolhi também o que era mais traquina, mexido e refilão.
    Passado um ano o Lord faz jus ao seu nome, é tratado como o menino dos meus pais, acho que, quase, gostam mais dele que eu.

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  5. Gostei do que li e do blogue que descobri. Parabéns!

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