sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A minha avó paterna

... Não aprecia elevadores.

Diz que são espaços muito apertados.

A minha avó paterna não tem claustrofobia. Mas não lhe agrada particularmente ser obrigada a estar fechada em sítios com menos de 50 m2. E está no seu direito, ora muito bem.

No entanto, soube ontem que esta aversão a locais pequenos da minha querida avó se estendeu também a automóveis. Soube ontem destas duas histórias que protagonizou recentemente. Espero que não se importe que partilhe aqui (não te importas, pois não, avozinha?).

#1 No jeep da minha tia: A minha tia tinha que ir a uma loja e perguntou-lhe se queria acompanhá-la. "Não, minha filha, vai tu e espero no carro." Ora, meu dito, meu feito. A minha tia lá entrou e deixou a minha avó, a ouvir o seu programa preferido na rádio. Passado uns segundos, eis senão quando a minha tia ouve alguém chamar, dentro da loja: "Dona X chamada à caixa. Dona X chamada à caixa." A minha tia, também de nome X, não podia acreditar: "que engraçado, trabalha aqui alguém com o meu nome." No entanto, o chamamento continuava. Insistiam. "Dona X chamada à caixa". A minha tia olhou, nesse instante, lá para fora. E estava a minha avó a gesticular no carro, segundo ela "como um gato a arranhar os vidros". Saiu a correr. "Mãe, o que se passa?". "Filha, não sabes que eu podia ficar sem ar? Não deixaste os vidros abertos". A minha avó tem os pulmões muito, muito grandes, esqueci-me de mencionar...

#2 A propósito do filme do fantasma no elevador, já aqui mostrado: Diz o meu primo "se isso me acontecesse a mim, eu gritava logo de susto". A minha prima "eu desmaiava". A minha avó: "Eu? Se o elevador parasse, nem que fosse um segundo apenas, podiam ir a correr os bombeiros abrir o elevador e tirar-me. Quando o abrissem, já só iam conseguir dizer 'nós tentámos, mas já não conseguimos salvá-la. Ela não resistiu'." A minha avó é uma optimista.

Fartámo-nos de rir com estas histórias. A minha avó incluída, até porque a capacidade de nos rirmos de nós mesmos só revela inteligência e bom senso, qualidades essas que eu sei que tem.

A minha avó não tem fobias. Tem receios. Ou ansiedades, como corrige.
A minha avó não é pessimista: "vejo as coisas como elas são", diz.
Mas as coisas-como-elas-são, para ela, são sempre mais cinzentas que para mim. :)

Um beijo grande, querida avó.

1 comentário:

  1. Oh coitadinha, parece amorosa a tua avó. Esses receios fazem parte... cada um tem os seus.

    ResponderEliminar