quarta-feira, 10 de julho de 2013

Post para o meu eu do futuro

Adoro os meus pais. É uma verdade incontornável. Mas às vezes continuam a ser tão, mas tão, mas tãaaao pais-galinhas que me arrependo de ser um livro aberto com eles. Ontem estava chateada com um pequeno contratempo que tive e resolvi desabafar com a minha mãe, no final do dia. Liguei-lhe e lá demos duas de letra.
- (...) e pronto, foi isto. Fiquei mesmo irritada. Até vim dar uma corridinha, para ver se espaireço.
- Olha, não queres contar também ao teu pai? Ele está aqui do lado a perguntar o que se passou. Quer saber porque é que estás irritada. Conta-lhe, que eu vou passar-lhe o telefone.
Passa o telefone ao meu pai.
- Papá, o que aconteceu foi: (...).
- O quê?! A sério?? Isso não pode ser!!
- Eu sei. Mas já está resolvido, é o que interessa.
- Não... Aconteceu, tem que haver consequências!!! Isso não se faz.
- Papá, já passou...
- Não passou nada! Não pode ficar assim!!!
- Já está resolvido.
- Ninguém te pode enganar!!
- Não enganaram. Já está tudo ok.
- Ninguém engana a minha filha!!!
- Papá.... ouviste o que eu disse? Está r-e-s-o-l-v-i-d-o.
- Não interessa!!...
Desliguei o cérebro, nesse momento, e - enquanto aquelas palavras de quem vivia as minhas dores ecoavam e se perdiam em si - concentrei-me na paz que estava à minha volta. No silêncio. Naquela calma. E prometi ao meu eu do futuro que nunca hei-de fazer isto aos meus filhos. Nunca hei-de atirar achas para a fogueira quando os vir irritados. Vou ouvi-los sempre com paciência e calma.

- Há gente mesmo vigarista!, ouvia-se ainda ao fundo, cada palavra carregada de dor, como se tivesse sido o meu pai a viver tudo. Dei por mim a segurar um sorriso que se lembrou de aparecer. Será que vou conseguir manter esta promessa? A verdade é que dizem que ser pai é viver tanto a felicidade como a dor dos filhos a dobrar.

- Idiotas..., continuava a ouvir-se. Pois são. Pois são. E eu sou idiota por acreditar que vou conseguir fugir a isto, não é? Já se sabe que um dia vou acabar igual a ti. A fazer estes discursos exagerados. A viver a dor dos outros. E um dia hei-de ler um texto dos meus filhos muito parecido com este, já se está bem a ver...

7 comentários:

  1. Ahahahahaha:)
    Lindo!

    jinhossssss

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  2. É bem verdade :-)

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  3. Inevitável os pais tomarem as nossas dores! :P

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  4. O que é que aconteceu, mesmo? :P

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  5. Minha querida, falamos daqui a uns anos !!!! beijos

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  6. Anónimo17:12

    É aquela máxima : dor é saber
    que um dia os nossos filhos
    vão sofrer as mesmas dores.

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