quinta-feira, 4 de abril de 2013

A mentira que nos juntou

Ao ler esta notícia sobre duas deputadas distraídas que felicitaram o Ministro da Saúde, Paulo Macedo, pela alegada contratação de 600 enfermeiros - quando, afinal, tudo se tratava de uma partida do Dia das Mentiras -, e ao perceber a repercussão da história do António (aqui no blog e aqui no Facebook, principalmente), lembrei-me de uma história, que teve lugar há muitos e muitos anos atrás. Essa história também envolvia uma "pequena" mentira.

Corria o dia 1 do mês de Abril do ano da graça do Senhor de 2002, quando eu e uma amiga, a E., achámos que seria tremendamente engraçado se começássemos a pregar partidas a toda a gente que se cruzasse connosco. Se a memória não me atraiçoa, tudo começou logo de manhãzinha. Nós que nem éramos de acordar muito cedo, nesse dia ganhámos alergia à cama e saltámos para a rua, mal o Sol subiu no horizonte. Fomos juntas para a faculdade a planear mil e uma histórias, e respectivos destinatários. A maior parte das histórias foram contadas, depois desmentidas, depois alvo de riso, e desse dia não passaram, porque já me esqueci. Houve, no entanto, uma história que mudou o rumo da nossa própria história.

Eu tinha ficado incumbida de contar uma das maiores mentiras a um colega nosso. Lá entrei na personagem, revi o argumento e fui ter com ele, para lhe contar. O que eu não contava era que ia ficar ali retida as próximas quatro horas. Sim, quatro horas. Depois de lhe contar a história (falsa), foi como se tivesse aberto algum cofre, guardado a sete chaves. E daquele cofre saiu a maior riqueza que este colega tinha: as suas verdadeiras histórias. Mal acabei de contar a minha, ficou um segundo em silêncio e começou a confidenciar-me os seus maiores segredos. Senti-me mal e expliquei-lhe que era 1 de Abril. Tarde demais. O cofre estava aberto. Abriu o coração e partilhou comigo dúvidas, medos, ânsias. Pediu conselhos, opiniões sinceras. O resultado? Aquela partida juntou-nos. Nesse dia, senti que nasceu um amigo, a que depois acabámos as duas, mais tarde, a tratar por "irmão". Hoje em dia não somos tão próximos, mas é daquelas pessoas que ainda liga a dar os parabéns, porque se lembra da data; é daquelas pessoas que sei que, se encontrar na rua, vamos falar imenso tempo abertamente sobre a vida de cada um. Tenho pena que tenha começado assim, mas a amizade foi verdadeira, por isso, sei que a mentira foi só um percalço.

8 comentários:

  1. Qual foi a mentira que lhe contaste, lembras-te? ;)

    ResponderEliminar
  2. guigas11:32

    Então não lembra??? Aliás, a E. ainda este ano repetiu a proeza!! ;)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Pois repetiu. Mas acho que desta vez só criou falsas expectativas, não foi? Este ano, 11 anos depois, até queríamos que fosse verdade! ;)

      Eliminar
    2. Guigas14:35

      Ai...se criou!!! :)

      Eliminar
    3. Anónimo17:30

      Eu este ano, o que pedi à E. foi que me contasse a mesma história, mas no dia 2 de Abril, porque assim poderia haver a hipótese de ser verdadeira!! ;))) R.

      Eliminar
  3. Foi uma mentira boa essa =)

    ResponderEliminar