quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Estive no paraíso e voltei.

Desde que comecei esta nova fase profissional andava cansada. Aliás, cansada era pouco: andava de rastos. Não gosto de me queixar (mas já o fazendo), só que neste caso era inevitável. É que não foi só o cansaço “psicológico”, foi também o cansaço físico, o mudar livros, e dossiers, e montar mesas, e cadeiras, e viajar, o ter que falar com pessoas novas, ter que refazer hábitos, descobrir sítios. É cansativo e é lixado. Hoje de manhã falaram-me dum massagista que faz massagens de vinte minutos no próprio escritório.
- Não tens que sair daqui. Ligas-lhe e ele vem cá ter.
Sim, porque o ideal é manterem-nos bem pertinho. Felizes, mas perto, não vá sermos precisos a qualquer momento.
Sei que estes mimos funcionam como os telemóveis dados pelas empresas ou como os computadores – tratam-se de presentes envenenados, são presentes que primeiro nos alegram a boca, mas depois sabem a amargo. Primeiro, o telemóvel sabe bem. Tem internet, a câmara até é boa, podemos ir espreitar o Facebook à custa da empresa… Só que, depois, vem o reverso da medalha: as chamadas a qualquer altura (e a obrigação de se atender), emails por tudo e por nada, com dúvidas “rápidas” ou “pequenas”, mas que cada vez se vão tornando mais constantes e insistentes.
Isto das massagens é semelhante. Eu sabia que era, mas não resisti. Duas mãos chamavam por mim, meigas e vigorosas, num cocktail perfeito de prazer e descontração. Lá fui eu, quase a salivar. As mãos não desiludiram: eram realmente suaves e, simultaneamente, fortes. Aquilo estava a saber-me pela vida. Fechei os olhos, senti-me nas nuvens. De repente, todas as dores começaram a estar longínquas. Todo o cansaço desapareceu. Eu só sentia as nuvens, fofas e aconchegantes. Tão aconchegantes. Eu voava para longe de tudo, num plano em que os problemas não conseguiam chegar. Eu… eu estava a dormir. Eu estava a dormir em pleno de dia de trabalho e no escritório.
- Pronto. Por hoje ficamos por aqui, ouvi dizer num mundo à parte do meu.
Nem sei se respondi. Ouvi apenas um grunhido, seria o meu?
Deixei-me ficar mais uns segundos. Tão perto de tudo… e, ao mesmo tempo, tão longe. Voltei pronta para trabalhar a duplicar. Sim, o mal dos presentes envenenados é isto: a seguir, queremos agradecer a duplicar. E eu sei que hoje não páro de trabalhar tão cedo, tamanha é a gratidão que sinto. Quem é que me mandou a mim gostar tanto de presentes (mesmo destes)?

3 comentários:

  1. Eu também me vendia facilmente... Isso é que são presentes!
    Não existem vagazinhas nessa empresa?

    nadinhadeimportante.blogspot.pt

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  2. loooool
    Quer dizer que o rapaz tinha mãozinhas para ti :P

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  3. Ahahahahha!! Genial!!

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