terça-feira, 29 de outubro de 2013

Parabéns. Trinta e uma vezes parabéns.

Hoje faz anos a minha amiga mais antiga. E por antiga não se entenda “idosa”. É a minha amiga mais antiga, porque é aquela que conheci há mais anos, nos tempos em que saltávamos das salas do colégio para os jardins no intervalo, esfolávamos os joelhos, sujávamos as batas, passávamos horas a falar não faço ideia do quê, dávamos as mãos e posávamos para mil fotografias sempre juntas - desconfio que, nalgumas fotos, a roupa era até combinada. Era a minha melhor amiga e isso era o que se fazia à melhor amiga: não se largava nem um segundo. À conta disso, acho que as restantes caras daquela turma me parecem ainda hoje um pouco nebuladas: só existia a minha melhor amiga e o resto não interessava. Tínhamos grandes planos de vida as duas, grandes teorias e explicações para tudo. Até que a minha mudança de cidade nos deu a volta aos nossos projetos todos. Chorámos, não queríamos acreditar, vimos o mundo a acabar. Eu ia mudar de cidade e de escola, mas prometemos que íamos ser amigas para sempre e que íamos escrever todas as cartas que conseguíssemos. Assim foi. Só voltámos a ser da mesma turma muitos muitos anos depois, mas esses anos não passaram pela amizade. Foi sempre o meu porto de abrigo, a amiga com que desabafava ao telefone, horas sem fim, a amiga com que estava aos fins-de-semana e relatava toda a minha vida. Mesmo quando o grupo de amigos foi alargando, mesmo quando começaram a aparecer os namorados, ela foi sempre uma constante. Íamos de férias juntas, continuávamos com os planos de vida, as mil teorias, as histórias intermináveis que não nos deixavam adormecer, mesmo quando a luz do candeeiro se apagava, mais cansada que nós. Havia sempre muito para contar, tanto… As mãos já não se davam, éramos adultas, mas a voz, essa, nunca se cansou. E nem a faculdade, o Erasmus, os namorados, as mudanças de cidade, nada separou o que aquela promessa no jardim juntou: íamos ser amigas para sempre.

Podemos não estar juntas todos os dias nem falar tanto como gostaria, mas quero que saibas que sou o que sou, hoje em dia, em grande parte graças a ti, às nossas conversas, às nossas teorias, à tua paciência para me ouvir sempre, ao teu carinho e também à tua perseverança, porque sei que foi também graças a ti que nos mantivemos sempre amigas. Naquele colégio, com dezenas de crianças saltitantes e gritantes, de bata e joelhos esfolados, podia ter escolhido qualquer amigo, mas tive sorte de principiante e escolhi a melhor pessoa que podia ter escolhido. Escolhi-te a ti. E cada vez tenho mais certeza da boa amiga que és e que me inspiras a ser também. Parabéns. E venham lá os trinta e um.

2 comentários:

  1. As amizades assim são o melhor do mundo :) Também tenho mta sorte com as minhas amigas do coração....algumas desde a primária tb.

    beijinhos

    coisasquetaiseafins.blogspot.pt

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  2. Anónimo10:56

    Muitos parabéns para a tua amiga ;) parabéns pelo aniversário e por ter tido a oportunidade de te conhecer desde pequenina! ;) ***** R.

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