sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Não sou uma Super Mulher

No outro dia, a conversar com um amigo, percebi que a mulher dele, mesmo tendo uma profissão demasiado absorvente, consegue ser uma super mulher. A mulher dele cozinha bem e deixa-lhe comida feita para o almoço, a mulher dele passa a ferro a roupa dela e a dele e deixa tudo sem vincos, a mulher dele mantém a casa impecável, a mulher dele lembra-se dos compromissos dela e dos dele, liga-lhe a lembrar tudo, a mulher dele é querida e meiga, a mulher dele faz-lhe surpresas e ainda tem voz doce. E tudo isto percebi pelo teor da conversa que estavam os dois a ter ao telefone.
- Fizeste-me o almoço? Ohh obrigado! …Sim, vesti-a, vi-a na cadeira de manhã. Está impecável, obrigado. ….Pois, eu sei, é às 19h. … Exato, lembraste-te! … Também eu… muito muito. Beijinho até logo!
Eu estava maravilhada e só me apetecia gritar-lhe: “adotem-me por favor!!!”

Mas agora ando com essa imagem em “repeat” na minha cabeça: vejo-a inúmeras vezes a passar a ferro e a sorrir, sem dores de costas ou cansaço, enquanto mantém ao lume um risotto divinal, numa cozinha a brilhar de limpa. E quanto mais a imagem se repete mais ela se torna perfeita, impecável, a passar a ferro e a sorrir cada vez mais, enquanto ele a abraça por trás e diz “és perfeita”. Esta imagem de perfeição tortura-me principalmente quando chego a casa, muitas vezes depois das 9 da noite. E a imagem tortura-me enquanto atiro os saltos para o armário do calçado e ando descalça pela casa, prendo o cabelo num rabo de cavalo e despacho um jantar em três tempos, sem grandes requintes ou elaborações. A imagem tortura-me quando reparo que a camisa dele não está passada a ferro e o máximo que faço é apontar-lhe o dedo para a lavandaria, para o ferro de engomar. A imagem continua a torturar-me, quando, no fim do jantar, olho para a pilha de loiça que ficou e o máximo que faço é apontar-lhe o dedo para a máquina de lavar. Num mundo perfeito era suposto eu gostar de fazer tudo isto, e ainda sorrir e falar com voz de bebé por cima? Num mundo perfeito eu devia passar a ferro e nem ficar com dores de costas, certo?

Mas este não é um mundo perfeito. Chego a casa a más horas, se consigo ainda correr, contar piadas e preparar algo comestível para o jantar, já me sinto uma grande mulher. Ok, sei que não sou a super mulher, mas não percebo como é que elas conseguem, a sério que não. Há alguma bebida que nos deixe assim? Alguma vitamina? Digam-me, por favor…

8 comentários:

  1. Se descobrires qual e a bebida diz-me que também quero. Agradecida

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  2. Pois e o mais triste é que o meu marido só tem amigos casados com super mulheres, também tem um ou outro com empregadas diarias em casa, mas desses nunca fala. ..

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  3. Anónimo22:06

    Olá
    Não te sintas triste, ela deve gostar de passar a ferro e saber de cor a agenda... deve ser o feitio dela (ou então é uma obessecivo-compulsiva, mas espero que não, pelo teu amigo).
    Cada um tem o seu feitio e há sempre coisas a melhorar (aposto que até ela tem coisas a melhorar), é ir trilhando o caminho em direcção à perfeição, cada um ao seu ritmo...

    Devo também acrescentar que não acho que a mulher tenha que fazer mais em casa do que o homem... cada um faz uma parte :)

    Marlene

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  4. Não falou de sexo espectacular?! Talvez porque ela chegue à cama estafada...

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  5. Todas as mulheres são super-mulheres à sua maneira ;)

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  6. Não quero ser pessimista, mas será que um dia destes essa mulher perfeita não rebenta nesse seu mundo perfeito e manda tudo às urtigas? não acredito nesses mundos demasiado perfeitos. E já agora: provavelmente é o mundo perfeito dele, não o dela. As tarefas em casa deveriam ser partilhas, não?

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  7. Não é vitamina, não é nada. É um esforço sobre-humano que ela faz para ser perfeita. E um dia acordará, tal como me aconteceu, e mandará tudo pelos ares.

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