- Homens de jeito?
- Sim, claro.
- E então porque é que ainda estão solteiros?
- Oh… Então tu não és uma mulher de jeito?
- Sou… Tenho as minhas manias, mas acho que sim. Só sou é demasiado exigente, disse-me a rir.
- Vês? Eles também. Por acaso estão solteiros, mas isso não quer dizer nada quanto a serem de jeito ou não. Não podes ser assim.
E dei por mim a pensar que, infelizmente, hoje em dia se confunde muitas vezes qualidade com o facto de alguém estar comprometido.
- Namora? É casado? Ah, então é um homem de família, às direitas e de qualidades humanas inquestionáveis.
Não sei quando é que houve encontro de algo semelhante a uma Comissão Internacional das Jovens e Doutas Solteiras, na qual se estabeleceu esta regra internacional que estabelece que homem solteiro é sinónimo de traste. Só sei que, se me fosse permitido participar em tal debate, à data, teria dito que não há, para mim, qualquer ligação entre o estado civil de alguém e a falta ou ausência de qualidades .
Pensem comigo: quantos homens comprometidos conhecem que não quereriam para vocês nem por todo o dinheiro do mundo? Quantas mulheres impossíveis de aturar conhecem que – até elas! – se casaram, tiveram filhos e vivem uma vida feliz e harmoniosa, com direito à casinha branca com cerca e tudo, mesmo que toda a vida tudo levasse a crer que iriam terminar sozinhas? Não: o facto de alguém ter começado a namorar ou até ter-se casado não equivale a nenhum atestado de espectacularidade passado a ninguém, sejamos realistas. Os mal humorados mantêm-se mal humorados, não passam a comer algodão doce e a andar de carrocéis ao fim-de-semana, enquanto sorriem por tudo e por nada. As mulheres insatisfeitas não vão passar a aceitar um vale de compras no Continente, pelo seu aniversário, só porque se casaram. Ser comprometido não altera ninguém (salvo raras e abençoadas exceções, ok), por isso, o contrário também nada significa.
Pessoas solteiras, façam um favor a vocês mesmas: desliguem frases como “ah os bons já estão todos casados”. Não é de todo verdade. Casaram-se os bons e os maus, tais como os bons e os maus continuam à procura de alguém que os preencha. No fundo, nem há bom nem mau: todos temos pancas e defeitos, e manias e dias maus. O que há é que encontrar alguém que até nos ache piada nesses dias. E que esteja para nos aturar. Ah e cereja no topo do bolo – que nem chame a isso “aturar”, mas sim “namorar”. Por isso, deixem-se de manias e de pessimismos, e de generalizações e fatalismos. Sim? E agora vou comer algodão doce e andar de carrocel, que tornei-me uma pessoa cor-de-rosa e sempre a sorrir. Mentiiiiiraaaa. Adoro carroceis e algodão doce, mas tenho dias de muita "resmunguice". Só que, por sorte, há alguém que até gosta disso.
Peço desculpa pelo comentário mesmo à anónimo, mas um post tão bom fica melhor sem erros ortográficos (carrossel!).
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