terça-feira, 12 de março de 2013

Encontro de terceiro grau

Peguei no telemóvel e escrevi-lhe uma mensagem: "Adivinha com quem tivemos agora um encontro de terceiro grau".
Resposta: "Não faço ideia. Já agora, o que é encontro de terceiro grau?".

R., envio-te por aqui as duas respostas.
Quanto à primeira, a resposta é: vimos o Tommy!
Quanto à segunda, a resposta está aqui. Desconhecia que existiam tantos graus, mas já agora aprendemos todos.

Ora, e quem é o Tommy?, perguntam vocês.
Pois bem: o Tommy é o namorado-não-aceite-pela-família da minha cadela. É o primeiro amor dela. E foi quem lhe tirou a virgindade, à revelia da sua dona, que corria tresloucada atrás da pequena canídea apaixonada.
Corria o ano de 2011, quando a minha cadela, naquela-altura-do-ano-em-que-os-animais-procuram-o-amor-sem-olhar-para trás, decidiu fugir para viver um grande amor. Eu estava a passeá-la com trela, mas a loucura foi tanta que se abanou até não poder mais (como que a antecipar um futuro Harlem Shake), e conseguiu livrar-se das amarras que a prendiam às convenções morais e sociais, vulgo trela.
Fugiu encosta abaixo com o seu primeiro amor, o Sol ia já alto.
Eu gritei, corri, gritei, corri, chorei, gritei, chorei.
Fiz mil telefonemas. Chamei reforços.
A cadela tinha desaparecido sem deixar rasto.
Até que um rapaz com aspecto duvidoso, tufos de madeixas loiras espalhados pela farta cabeleira preta, casaco laranja, jeans gastos, em cima duma mota de pista, me chamou:
- Chavala! Estás à procura duma cadela?
Olhei à volta. Era para mim.
- Sim...
- Tem calma, chavala. Eu sei onde ela está.
- Então?
Sequei as lágrimas.
- Segue-me.
Meti-me no carro, segui aquela mota verde, um pouco assustada. Parou. Chamou-me. Abri o vidro.
- Não é aquela? Está com o Tommy.
Olhei. Uma colina com vista para o rio. Os dois namorados, ali a amar-se em pleno dia.
A minha cadela acabou por ir ao veterinário ser analisada e, felizmente, aquele amor não teve sequelas.
Quanto ao rapaz com aspecto duvidoso transformado em herói, decidi ir depois procurá-lo e agradecer-lhe. Lá o encontrei (as pessoas conheceram dali logo, pela descrição).
- Olá! Queria dar-lhe uma recompensa por me ter avisado onde a cadela estava.
Agarrei na carteira e estava preparada para lhe dar 100€.
- Hey, oh chavala! Fiz a minha obrigação... Essa agora... Não posso aceitar nada por só ter feito a minha obrigação!

Conclusões: O primeiro amor causa sempre estragos. Nunca mais julgo ninguém pelo simples facto de ser um homem moreno com tufos de madeixas amarelas, usar casaco laranja e dizer "chaaavaala". E, por fim, apesar de não adorar a palavra, fiquei a saber que passo por "chavala", o que não me desagradou de todo.
Quanto à minha cadela, continua "in love", mas o próximo amor há-de ser arranjado pela família e, de preferência, há-de ser escolhido um par de boas linhagens. Lamento separar dois apaixonados, mas...

5 comentários:

  1. eheh o que eu me ri com este texto =) O amor não escolhe mesmo raças!

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  2. Tommy17:39

    Olá chavala Pippa,
    Venho por este meio pedir a pata da sua cadela em casamento.
    Bem sei que sou de uma raça diferente mas, como disse e muito bem a comentadora anterior, o amor não escolhe raças.
    Pense nisso.
    Ão ão, wroaf wroaf, chuinf...

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  3. ahahah já me fartei de rir com este texto! Gosto bastante da maneira como escreves, é simples e cativante :)

    Visitem: http://sophiedamoda.blogspot.pt/

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  4. Love is all around!
    Gosto muito do teu blog :)

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