Adiante...
O que hoje vou contar foi uma história que se passou comigo há cerca de dois anos. Trabalhava num open space com um grupo muito jovem e tínhamo-nos tornado todos próximos. Tanto que, hoje em dia, chamo "amigos" a quase todos. Sobre um deles já falei até aqui. Ora, havia um certo colega, um pouco diferente dos restantes, que se costumava colocar um pouco à parte das brincadeiras ou das trocas de bocas. Costumava colocar os phones e entregava-se ao seu mundo, não nos dava tanta conversa. Por isso, naturalmente, acabou por passar ao lado de algumas piadas que tínhamos. Esta foi uma delas.
Por volta das 18h, 18h30, era comum o nosso open space ser irrompido por um grupo de mulheres que ia limpar o nosso espaço e o resto do edifício. Por coincidência, as mulheres que nos calhavam eram quase todas iguais: cabelo muito preto, liso e comprido, morenas, mal encaradas e todas com grandes unhas de gel. Dizia-lhes "boa tarde", nunca respondiam ou respondiam de sorriso fechado. Percebi depois que quase todas tinham dentes em falta, pelo que não sei se a má-disposição se devia a isso, mas o que é certo é todas ficavam a dever à simpatia.
A empresa para que todas trabalhavam chamava-se Vadeca. Como não sabíamos o nome delas, nem eram propriamente as nossas melhores amigas, começámos, entre nós, a tratá-las por "Vadecas".
- Sabes se as Vadecas já passaram aqui? Tenho o computador com pó.
- As Vadecas ainda não vieram? O meu caixote do lixo está cheio.
Comentários deste estilo.
O tal colega mantinha-se com os seus phones. Um dia, no entanto, estávamos (eu e ele) em plena discussão de trabalho, a trocar impressões, e a discussão acendeu. Eu não concordava com o que ele tinha feito, estava a dizer-lhe que devia alterar, ele mantinha o que tinha feito, e o tom de voz ia subindo. Até que ele comenta:
- Insulta-me, se quiseres. Já vi que é isso que gostas de fazer!
- Desculpa? Eu?
- Sim. Achas que eu não oiço?
- Não ouves o quê? Eu não costumo insultar ninguém.
- Ai não? Eu posso estar de phones, mas oiço muito bem. E, se queres saber, não te fica nada bem, num sítio destes, estar a chamar vacas às funcionárias de limpeza. Passa aqui muita gente e já devem ter ouvido, também.
- Vacas? Nunca chamei isso.
- Chamas. Chamas. Grandes vacas. Ou vadecas. Fica-te mal, sabias? A ti e a quem alinha em chamar isso. Que mal é que elas vos fizeram?
Foi aí que todos percebemos. Riso geral. Ninguém conseguia parar de rir. O meu colega olhava para nós, incrédulo. Mais vontade tínhamos de rir.
- X, vai à net e escreve "Vadeca". ahahah
- O que tem?
- Faz isso! ahahahah
(...)
- Ah... já percebi. Desculpa.
- Estás desculpado. ahahah
- Bem me parecia que não eras assim. Fico mais descansado.
- Então vais mudar isso?
- Olha, mudo. Só para não te ouvir mais, mudo.
Ele tinha-me dado razão, mas não queria admitir. Era mais fácil chamar-me "chata" - o que realmente sou, quando quero. Lá voltámos ao trabalho. Até as nossas queridas "Vadecas" nos visitarem. Ele ria-se, a olhar para mim. "Vadecas". Realmente, quem diabo se lembrou de tal nome?
LOL, que riso! É o que acontece quando se apanha conversas fora de contexto.
ResponderEliminareheh que história! Realmente não é lá muito bem pensado esse nome!
ResponderEliminarEm relação à manifestação, devias dar a tua opinião e pronto. Depois se alguem concordar ou discordar, ha-de manifestar-se ,)
ResponderEliminarEm relação à manifestação, o que tens para dizer há-de ser um pouco contra-corrente. Caso contrário, não acharias que estás sozinha.
ResponderEliminarEu não gostaria de trabalhar nem para a Vadeca nem para a Paga-pouco, mas só pelos nomes.
Romântico à Forca
loooool muito bem Vadeca style :P
ResponderEliminarQuanto à manif. eu nunca participo nelas, simplesmente porque não acredito nos seus efeitos práticos.
ResponderEliminarRespondendo à tua pergunta acerca da manifestação, não fui porque não me encontro em Lisboa nem perto disso, mas se aí estivesse, era muito provável que participasse, até porque encontro-me entre os muitos e muitos desempregados deste país e não teria de faltar a nenhum compromisso profissional para marcar presença.
Mas confesso que sou um pouco céptica quanto aos tais efeitos práticos. No entanto, também não podemos ficar de braços cruzados. Enfim, é mesmo uma questão complexa.
Agora quero conhecer a tua opinião polémica ;)
ndnan.blogspot.pt
Em relação à manif.: http://www.beijosabura.blogspot.pt/2013/03/camarada-zeca.html
ResponderEliminarA liberdade de escolha foi conseguida, agora é só manifestá-la. Somos livres para escolher o que sim ou que sopas. A meu ver seria bom estarmos todos a dar a cara na rua; o que se passa nos corredores por lá fica. E desta forma somos um colectivo a caminhar pela mesma causa. Ninguém acredita que depois de uma manif. a Troika desista, ou governo (estes têm-se aguentado estoicamente contra o povo), mas o que é certo é que a pressão que sentem é maior. O mundo olha para eles e o que vê é incompetência. Se ficarmos em casa, seremos um povo que come e cala.
Deixando as vadecas de parte vou apenas dar a minha opinião quanto às manifestações que têm sido feitas e que vão continuar a ser feitas por este país fora.
ResponderEliminarNão acredito que tenham qualquer efeito prático no futuro do país. Como escrevi no facebook, a conversa do Passos para o Gaspar deve ter sido mais ou menos assim "continua a cortar que a música é boa".
Mais do que uma manifestação quer-me parecer que estes ajuntamentos estão a funcionar muito bem como arraial. Ele é música e chavões mais que batidos. É o ofender gratuito dos políticos na praça pública e o vandalizar de diversas coisas que se encontram no caminho dos "manifestantes".
Fartinhos de saber que o povo está descontente estão os nossos políticos e o problema é mesmo esse. Eles sabem! E, também sabem que não vão ganhar as próximas eleições (quer dizer, se o Seguro se mantiver À frente do PS, é bem provável que ganhem).
A única maneira de se resolver este problema é com processos judiciais que realmente funcionem e tenham um fim. Mas isso é o mais dificil quando o sistema é dominado por quem fez/faz a merda.
A solução? Não sei qual é. Se soubesse não estava aqui sentado e estava a pô-la em prática. Mas que isto não vai lá com cantorias do 25 de Abril não vai. O que vai acontecer é que vão estragar uma boa música e com forte poder simbólico...
Por acaso gostava de ter lido o teu post sobre a manif. Eu tenho uma opinião muito própria e estou frequentemente sozinha.
ResponderEliminarPodia ter ido à manifestação. Mas fui para o Alentejo raspar paredes.
Vou explicar melhor: eu e o meu namorado queremos dedicar-nos ao turismo. Achamos que é um bom investimento. Não só para nós como para a região e para o país, porque a aposta no turismo de qualidade pode ser a solução para a crise, de forma sustentada.
Mas este investimento vai ser todo por nossa conta e risco. Por isso mesmo, o orçamento é apertado e não podemos gastá-lo em trabalhos que podemos ser nós a fazer (como raspar paredes para depois as pintarmos).
E esta é a razão por que não fui nem nunca hei-de ir a manifs deste género. Porque raspar paredes, neste momento, faz mais pela minha vida do que ir para a rua, com os amigos, gritar frases feitas que dificilmente farão parte da solução para a crise.
A solução passa por termos uma população educada, formada, com memória política, empreendedora, que veja a solução para qualquer problema na sua própria pessoa e não no Estado. E eu vou fazer parte da solução e não posso perder tempo.