sexta-feira, 19 de abril de 2013

Act like a boss

Esta história tem meia dúzia de anos, mas ainda me lembro dela de cada vez que passo nesse piso dessa "superfície comercial" (para não nomear nomes). Nesse dia, estava fula da vida a tentar mandar arranjar um vestido que tinha comprado e que já estava com fios soltos, quando me dizem que a responsável pela marca já tinha saído para almoçar.
- Não tem outra pessoa com que possa falar?
- Temos ali um funcionário da marca ao lado, que pode ajudá-la. Ele também costuma trabalhar aqui.
- Ok.
Chamam-no. Ele era claramente mais novo que eu uns anos, mas muito alto, moreno e muito bem parecido. Estava de fato preto com bom corte e tinha realmente bom aspecto, apesar de ser tão novo. Lá lhe disse qual era o problema do vestido, mostrei e prometeu que ia mandar arranjar ou, em caso de impossibilidade, davam-me um novo. Agradeci e sorri de alívio.
- Agora preciso de lhe pedir que assine aqui. É o talão de arranjo.
- Ok. Já está.
- E preciso do número de telemóvel.
- Muito bem.
- E pode deixar o seu email, para enviarmos as newsletters da marca?
- Sim. Aqui está.
Sorri, e vim embora. Passado uns tempos, lá tinha o vestido novo, porque não tinham conseguido arranjar e estava mais contente.
E já me tinha praticamente esquecido do episódio do vestido e do rapaz bem parecido, quando recebo uma mensagem.... no Facebook! Dele. A mensagem dizia algo como:
- Olá! Desculpe a ousadia, mas não resisti. Fiquei a pensar em si. Parece-me uma pessoa muito interessante e gostava de conhecê-la melhor. Se ficar assustada com estas palavras, peço apenas que acredite que não sou doido e que é a primeira vez que faço algo do estilo. Só que preferi arriscar em vez de ficar toda a vida a pensar nisto.
Na altura, várias coisas passaram-me pela cabeça: 1- como é que alguém parece interessante em dois minutos, enquanto troca um vestido?; 2- porque é que me estava a escrever no Facebook e a tratar-me por "você"? Parecia um complexo de Electra mal resolvido; 3- será que, se respondesse, ia passar a ter descontos naquela marca?

Acabei por responder. Confesso. Na verdade, sabia que ia acabar por vê-lo mais vezes e não queria que fosse constrangedor. Disse-lhe apenas que agradecia as palavras, mas que tinha alguém. Acabei por nunca ver o desconto. Infelizmente. Mas a ele, ainda vejo quando passo naquele piso. Sempre de fato, bem parecido, quem sabe à procura de mais pessoas interessantes entre os provadores, os tecidos e os talões de arranjo.

5 comentários:

  1. "como é que alguém parece interessante [...] enquanto troca um vestido?". Provavelmente ele teria acesso a imagens dos vestiários, e pode ter acho interessante o que viu.

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    1. Podia ter sido, se eu tivesse experimentado o vestido, mas acho que nem foi preciso. :p

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  2. Anónimo15:35

    hahahahahaha ( já que nao gostas do lol) :)
    Carla Nunes

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    1. Eu não escrevo, mas não tenho nada contra ver escrito. :)

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  3. qual é a loja, quero passar por lá ;)

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