quinta-feira, 28 de março de 2013

Até onde eram capazes de perdoar?

O Papa Francisco escolheu o perdão como tema para a celebração do seu primeiro Angelus. Segundo ele, tudo pode ser perdoado, "somos nós que nos cansamos de pedir perdão".

Religião à parte, dei por mim a pensar: até onde seria eu capaz de perdoar alguém? Em relação a pessoas que me dizem pouco, é difícil responder, porque, não significando muito para mim, também não iria significar muito um eventual afastamento. Imagino que seria difícil desculpar qualquer coisa de forma leviana. No entanto, quando se fala de pessoas mais próximas, o caso muda de figura. A verdade é que não imagino a minha vida sem as pessoas que fazem parte dela, sem as pessoas que me são mais queridas. E julgo que a minha capacidade de desculpar relativamente a este núcleo de pessoas não teria, portanto, praticamente limites.

Talvez por isso mesmo, há uns tempos, quando uma pessoa comentava comigo que as mulheres, por norma, são desleais entre si, disse-lhe prontamente que não concordava.
- Mas eras capaz de pôr as tuas mãos no fogo pelas tuas amigas?
- Sim, sem pensar duas vezes.
- De certeza? Olha que não devias.
- Mas sou.
- Porquê? As mulheres são desleais.
- Porque confio nas amigas que tenho. E até podia queimar-me, não sei, mas gostar de alguém é acreditar que isso não acontecia, certo?

Podia queimar-me, é verdade. Podiam ser desleais comigo. E quem diz as amigas, diz o homem dos meus sonhos ou até família. Podiam ser desleais. Podiam magoar-me e errar. Mas acho que se me pedissem desculpa de forma sentida, ia sempre desculpar. Podia afectar os meus sentimentos, podia ficar triste, desiludida e mais fria por uns tempos, mas o perdão ia ser sentido. Não sei se é falta de personalidade, ou se é demasiada crença nos outros, mas acredito piamente que estou rodeada de pessoas fenomenais, leais e de confiança. Confio cegamente neles. E, se um dia me magoassem e pedissem perdão, gosto de acreditar que conseguiria desculpar. O complicado seria desculpar o que fizeram a quem me é mais querido, pois tenho tendência para fazer minhas as dores dos outros.

E vocês, eram capazes de perdoar qualquer coisa? Quais seriam os vossos limites?

12 comentários:

  1. Ainda não consegui perdoar o meu pai por ter abdicado de mim em favor da "comunidade religiosa" da qual faz parte.
    Não perdoo a minha mãe por me ter criado sem afeto, sem um beijo, sem um abraço, sem um colo.
    Nem um, nem outro até hoje me pediram perdão, nem isso nunca acontecerá. Se eu sentisse arrependimento verdadeiro, quer de um quer de outro provávelmente perdoaria.

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  2. É muito complicada essa questão do perdão! Sou uma pessoa muito ligada aos meus, às pessoas da minha vida, ou àquelas pessoas que pensava serem assim... Deixei de pôr as mãos no fogo por quem quer que seja! E sinceramente nem por mim já ponho, não por ser influenciavel ou por não ter personalidade própria, mas apenas porque a vida por vezes nos prega partidas das grandes! Já perdoei coisas graves e tenho a certeza que continuarei a perdoar... até ao dia! ;)
    Bjokas*

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  3. Eu não te consigo responder assim sem estar na situação. Tudo é muito subjetivo e vivido no momento. Tenho que estar na situação para poder avaliar.

    Genericamente falando, eu diria que consigo perdoar muita coisa, mas não esqueço.

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  4. Puzzle10:38

    Já sofri muito, e aquela dor real e verdadeira veio sempre daqueles que mais amo, aqueles que realmente interessam, porque só desses não esperava tais "atitudes" ou comportamentos".
    Continuam a fazer parte da minha vida, do meu coração e da minha pele, e racionalmente perdoei-os, mas emocionalmente não :( Não vivo o meu dia-a-dia com eles e com isso, mas sinto que a partir daquele dia quebrou-se algo dentro de mim, algo que até hoje nunca consegui recuperar...
    Claro que a relação me traz muitas outras recompensas que deveriam apagar aquela "falha" e como eu gostava de aceitar aquilo que me fizeram, mas não consigo esquecer e deixar de chorar cada vez que vejo ou leio algo que me faz lembrar disso..

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  5. Acho que perdoar os outros não mostra falta de personalidade, aliás acho que a capacidade de perdoar é uma óptima característica. Eu tenho imensa dificuldade em perdoar e, por isso, guardo rancor, o que não é bom para ninguém, especialmente para mim.

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  6. Acho que a pessoa que tive, realmente, de desculpar, é uma das poucas pessoas que amo com tudo. Daquelas pessoas que dizemos prontamente "ponho as mãos no fogo", com um laço familiar incrivelmente forte. Penso que perdoar não significa, de todo, ter uma personalidade fraca.

    Foi difícil perdoar. Não é algo que acontece de um dia para o outro. Demorou mas consegui e, a verdade é que, com o tempo, consegui voltar a ver essa pessoa como já tinha visto no passado. Claro que fiquei com algumas reservas mas evito ao máximo pensar nisso. Afinal, apesar de não esquecer, perdooei e isso, pessoalmente, significa andar para a frente.

    Também perdooei com a convicção de quem um dia eu também vou errar e vou sempre esperar que, pelo menos, essa pessoa consiga o faça comigo.

    IF

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  7. Anónimo12:19

    Acho que sou capaz de perdoar (quase) qualquer coisa que me façam a mim. Não aos que mais amo - e mesmo que isso parta de alguém que também amo.

    Por exemplo, tive um companheiro que contribuiu para um maior sofrimento da minha mãe no fim da vida dela (pela incerteza que lhe transmitiu em relação ao futuro do nosso relacionamento). Nunca o perdoei. Nem quero fazê-lo. A amargura fica comigo e sou só eu que tenho a perder? Talvez. Mas sou humana. E a minha mãe era quem eu mais amava.

    Rute

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  8. Anónimo12:59

    Quando me perguntavam se punha as mãos no fogo pelo meu marido, respondia que punha no ácido sulfúrico. Pois não devia, e anos depois descobri que não conhecia a pessoa com quem tinha casado. Estamos divorciados mas acabei por perdoá-lo, ele é como é, não o posso mudar. Mas também não posso estar com ele. Perdoar sim, mas esquecer jamais, e repetir o erro muito menos!

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  9. Só estando na situação, porque cada caso é um caso e depende muito. Mas, geralmente, consigo perdoar, mas nunca esquecer. Perdoo porque quero que tudo fique bem e que as pessoas se mantenham comigo, mas não consigo esquecer o que me fazem.

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  10. Anónimo14:00

    Da minha parte é precisamente o contrário. É-me muito mais difícil perdoar alguém que amo muito e faz parte da minha vida do que perdoar alguém que apenas "está" na minha vida (espero fazer-me entender). Não devia ser assim, eu sei, mas acho que a desilusão é muito maior, logo dói muito mais! Já os outros... Claro que me desiludem também, mas sinceramente é muito mais fácil perdoar e esquecer.

    Beijinhos,
    Cris

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  11. Sou de perdoar...mas não esqueço...

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  12. Anónimo11:27

    Olá Pipa Coco!
    Estou a atravessar um período de sofrimento provocado pela homem que me pediu em casamento há mais de um ano e que descobri que me traía, nem era fisicamente, mas sim troca de mensagens de amor. Sem desconfiei e sempre negou, dizia que era da minha cabeça até que obtive provas, vi as mensagens à frente dele!
    Se consigo perdoar? Sim consigo perdoar o erro. Ele pediu perdão - na minha perspectiva de uma forma leviana - quer voltar e diz que sou a mulher da vida dele (tão cliché!) Mas uma pessoa deste tipo será que merece uma atitude tão bondosa da minha parte?!
    O teu texto veio mesmo a calhar, e tu? Imagina se fosse contigo, enganada pelo homem que vive contigo...
    Bjs

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