quarta-feira, 20 de março de 2013

Conquistaste-me com um olá

Detesto quando isto acontece: tiramos uns minutos, vamos tomar um café descansadas, a meio do dia. De repente, olhamos e vemos alguém da faculdade, a fazer o mesmo que nós, a tirar uns minutos a meio do dia. Pela segunda vez seguida em pouco tempo.
- Olá, por aqui? Temo-nos visto muitas vezes.
- Hmm... é a segunda, respondi. E logo disse a mim mesma que tenho urgentemente que repensar a minha capacidade de fazer conversa de circunstância.
- Estás boa?
- Sim, obrigada. E contigo, também está tudo bem?
- Sim. Estou a almoçar.
- Às 5h? Grande almoço, saiu-me. "Cala-te! Cala-te! Cala-te!", gritei a mim mesma.
- É. Temos que combinar alguma coisa um dia destes.
- Pois. beijinho
- Beijinho

Perdi a capacidade de fazer conversa de 2 minutos. Totalmente. Perdi-a e não faço ideia onde a meti. Ou se alguma vez a tive realmente. Estava com duas amigas quando o "episódio" - chamemos-lhe assim - ocorreu e dei por mim a constatar que tanto uma como outra são pessoas exímias na arte de conversar com qualquer pessoa. Tanto uma como outra decoram caras e nomes. Sorriem de igual forma quer conheçam bem ou mal quem está do outro lado. Sabem arranjar um tema apropriado de conversa. Sabem sorrir com vontade. (Um dia destes tenho que lhes dizer que acho isto delas.)

Eu? Com a idade perdi a paciência. Mas não gosto de ser assim. Não gosto mesmo. Não gosto de encontrar alguém que não me diz nada e não conseguir forçar os meus lábios a esboçarem um sorriso feliz. Detesto perceber que não estou a sorrir com vontade. Detesto perceber que não consigo soltar uma gargalhada quando não acho grande piada. Até porque adoro estar com pessoas mais efusivas. É uma alegria que nos contagia. Eu só consigo fazer conversa se tiver tempo e souber que a conversa vai ter um princípio, meio e fim. A ideia de ter o tempo contado tira-me a imaginação, a descontracção e a espontaneidade. Passo por alguém na rua e não consigo lembrar-me de mil temas de conversa. Não consigo ser divertida e espectacular. Se me perguntam se tenho novidades, digo sempre "tudo igual" e sigo. A verdade é que penso, de mim para mim: "se quisesses saber o que realmente se passa na minha vida eras meu amigo e já sabias, certo? não ias saber em conversa de rua."

4 comentários:

  1. Nós mudamos, os outros mudam, a vida muda.

    Tudo muda!

    É o verbo a conjugar: Mudar

    Beijinho

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  2. E detestas ser assim porquê? Eu abomino "small talk"... Causa-me espécie, até! Porque é que as pessoas se esforçam para dizer "um dia destes combinamos qualquer coisinha" se sabemos que isso nunca vai acontecer? E se essa pessoa também sabe? É como tu dizes, se forem nossos amigos, estão por perto e sabem. Eu sou como tu e não detesto ser assim. Por vezes gostava de ser mais agradecida e feliz, mas mesmo assim não teria paciência para conversinhas da treta que não interessam ao Menino Jesus. E só para terminar, a recordação do que ouvi uma miúda que andou comigo no liceu a dizer há uns anos: «Detesto que as pessoas que me encontram na rua só perguntem pelo meu curso e pelas potenciais saídas profissionais. Se estivessem preocupadas comigo, perguntar-me-iam se estou feliz»!!!

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  3. Sou como tu, sempre fui. Hoje em dia já me vou safando, mas é quase penoso assistir aos meus esforços... Achava que era só feitio, mas já estou mais inclinada a pensar que também é preciso um pouco de treino e hábito.

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  4. Anónimo12:36

    https://www.facebook.com/DesbloqueadoresDeConversa?fref=ts

    just in case :) *** R.

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