quinta-feira, 28 de março de 2013

Guardo para sempre os meus beijinhos

Há as pessoas sensíveis. Há as pessoas mais práticas, mais racionais. Há os lamechas e sentimentais. Há aqueles que nunca choram, nem que o mundo caia. E depois há os durões, mas que têm um coração de manteiga, e que são sempre uma surpresa óptima. Vivo rodeada de algumas pessoas assim e confesso que adoro conhecer aquele cantinho que se derrete. Adoro a sensação de saber que encontrei as palavras certas para o sorriso de orelha a orelha aparecer.

O meu pai é uma dessas pessoas. Ultimamente até disfarça menos, mas cresci a vê-lo desempenhar de forma exímia o papel de pai-galinha versão autoritária. Exigente, rigoroso e capaz de mandar dois berros. Quando o via sorrir e fechar os olhos "à chinezinho", de tanto rir, era uma vitória. Sempre foi meigo, mas demonstrava-o através dos gestos, não através de palavras muito queridas ou através de sorrisinhos. Sempre foi presente e muito dedicado, mas sempre com expressão mais séria e severa. Há, portanto, algumas palavras simples que, vindas dele, me tocam num sítio mais profundo que quaisquer outras palavras ditas por qualquer outra pessoa no mundo. É como se fosse a pessoa que mais na vida preciso que tenha orgulho em mim e goste de mim - não o escondo.

Ora, a propósito do post do Dia do Pai, recebi um email dele que me deixou de olhos humedecidos. As palavras são simples e dirão pouco ou nada a quem ler, mas deixaram-me emocionada como só as palavras dum pai nos podem deixar. Foram elas:
Adorei.
Serei sempre assim.
Um beijinho muito grande, como aqueles (muitos) que encontrámos na praia, naquelas horas que passámos a procurá-los, e que muitos foram os que ficaram para sempre nossos.

E não sei se me emocionei com os beijinhos ou se emocionei por me lembrar das horas que realmente obriguei o meu pai a passar junto a mim, todos os verões, porque eu queria, por tudo, ter a maior colecção de conchinhas do mar de sempre. Queria fazer colares, e pulseiras, e brincos, e quadros com as conchinhas do mar. Nunca fiz nada, só as juntava. Mas, ano após ano, o meu pai lá me seguia, sem questionar, tarde após tarde, para junto do mar, sentava-se junto a mim e ajudava-me a juntar a maior colecção de beijinhos de sempre.
Beijinhos do mar (não sei se é o nome "oficial", mas
sempre chamei assim estas conchinhas)

5 comentários:

  1. Cláudia Sousa21:20

    Foi este mês que "descobri" o teu blog e a partir daí passei a ser leitora assídua. Gosto da maneira simples e objectiva como escreves...gosto de pessoas que "chamam os bois pelos nomes"!!
    Ao ler este post, confesso que fiquei enternecida, pois podia ter sido escrito por mim, tantas são as semelhanças do teu pai com o meu "papá" :) adorei!! Ah, e espero que possas aumentar a tua colecção de beijinhos na companhia do teu pai!
    Cláudia*

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  2. Tenho jarras, potes e caixinhas deles!!! Adoro esses beijinhos, pequeninos e com a boquinha a sorrir p nós! Adoro quando, se longe do mar, deito a mão ao bolso do "kispo" e encontro um beijinho perdido a sorrir p mim!
    Beijinhos p ti tb ;)

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  3. Anabela01:22

    Que bonito..

    :)

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  4. Fiquei com um grande sorriso ao ler este teu post. Que bom que têm uma relação assim :)

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