terça-feira, 12 de março de 2013

Já fui uma adolescente estúpida. Só não existia o Justin.

Numa altura em que todos falam do Justin Bieber em Portugal e das inúmeras fãs acampadas à porta do Pavilhão Atlântico, algumas até com 6 tatuagens, como partilhei na página do Facebook do blog, lembrei-me da minha adolescência. (De referir ainda que estas notícias coincidem também com a minha mudança de casa, pelo que o facto de ter encontrado diários meus antigos ajudou a este avivar da memória.)

Pois bem: aos 11 anos, dancei o primeiro slow. Ele era escuteiro, loiro e de olhos azuis como um anjo, e dançámos ao som da Celine Dion. Fiquei apaixonada. Escrevi cerca de vinte mil páginas em Diários sobre ele. Resultado? Contei aos meus pais, que não disseram nada. Apenas nunca me deixaram, por coincidência, ir para os escuteiros...

Aos 12 anos fiz mais 3 furos nas orelhas, para além dos 2 que já tinha. Peguei nas minhas melhores amigas e lá fomos nós a uma ourivesaria concretizar o meu ideal de beleza. Quando cheguei a casa, com 2 furos numa orelha e 3 na outra, os meus pais não me deram nenhum sermão. Não sei se perceberam que eu continuava a ser uma totó marrona estudiosa e bem comportada, e que aquilo era apenas uma tentativa frustrada de ser rebelde. E verdade seja dita que, passado um ou dois anos, já não usava os brincos e os furos acabaram por fechar.

Aos 16 anos, dei a primeira passa num cigarro. E apanhei a primeira bebedeira com rum e Coca-Cola. Contei na altura aos meus pais que tinha fumado e bebido e, mais uma vez, ouviram apenas e nada disseram. Acho que aconteceu o mesmo que tinha acontecido aos 12 anos. Resultado? Nunca mais consegui cheirar rum. E nunca mais fumei.

Quando acabei o liceu, nas férias de Verão, fiz um piercing no umbigo, com uma grande amiga minha e irmã a apoiar a minha loucura. Cheguei a casa, super orgulhosa da minha façanha e, ao ver primos e avó em casa, não resisti e mostrei-lhes. "Porque é que fizeste isso a ti própria?" foram os comentários que ouvi, com voz de pena. Mais uma vez, ninguém me resmungou. Pareceram só achar feio. Julgo que os motivos para o silêncio total foi novamente o mesmo. Resultado? Não uso o piercing há cerca de 6 ou 7 anos.

A minha conclusão disto tudo é que, apesar de não ser mãe ainda, me parece que a melhor forma de se ajudar um adolescente a passar por estas fases de paixões, descobertas e rebeldia será ouvi-los com atenção, não julgar e tentar conversar de forma aberta, sem grandes proibições ou imposições. Imagino que seja difícil ou quase impossível, mas do alto da minha total inexperiência nesse campo, digo, contudo, como filha, que foi assim que comigo resultou sempre. Loucuras? Passaram todas. E com estragos mínimos, acredito. Hoje em dia servem apenas para me rir do meu parvo eu adolescente.

Por isso, pais das Beliebers, não fiquem nervosos. Estes amores da adolescência acabam mais rápido que os namoros da Marta Leite Castro.

13 comentários:

  1. Concordo com a tua visão. Não fazer nenhum escândalo só porque não gostamos de ver alguma coisa que os nossos filhos façam é uma parte importante da educação deles.

    PS: Post com espaçamento muito bom ;)

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    1. Obrigada pela dica! Realmente acho que ficou melhor! :) Em troca, tens direito a perguntar o que quiseres e eu respondo no próximo post, que tal??

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    2. No need for that, thanks ;)

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  2. a minha maior pancada foi a série morangos com açucar, mas era aquela coisa de "ah deixa-me comprar o cd", "estou na praia das filmagens", "hoje não posso perder o episodio"..
    lembro-me perfeitamente é que quando estava a passar os anjos selvagens eu adorava andar vestida como a protagonista (a mariana).
    de resto não me lembro querer fazer grandes coisas, já o meu irmão é totalmente o inverso, de 6 em 6 meses, inventa uma nova "actividade-que-ama-e-nunca-vai-deixar-de-fazer" e nem aos 18 anos tem um bocadinho de mais juizo.

    ps. olha que as relações da MLC são muito rápidas, acho que os "putos" conseguem que as "pancadas" lhes durem um pouco mais ;p

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  3. Bom, os meus pais também não disseram nada quando furei o umbigo, as orelhas, vestia roupas rasgadas e tinha amigos estranhos e o resultado foi ter feito muita porcaria. Eu sai bem do assunto mas 2 dos meus irmãos foram parar a casas de recuperação para AA's e NA's. Depende tanto de cada pessoa..

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  4. Anónimo10:34

    Concordo que não se deve dar muita importância as pancadas, mas daí a deixar uma filha acampar três noites em frente ao pavilhão atlântico vai um longo caminho. Acho perigoso e um bocado irresponsável!

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  5. Revi-me nestas miúdas (não com tanto histerismo) na minha adolescência e (só) tenho 24 anos.
    Eu tb adorava a Britney Spears os meus pais compactuaram na compra de Cd's, T-shirts e idas ao cinema ver o filme dela (vi duas 2 ehehehe) mas sim os pais aqui tem um papel muito importante - compactuar com 'alguma' loucura mas alertar para os limites (o que para mim as tatuagens com este conteúdo são um limite)

    Adoro o teu blog! Beijinho
    http://ritissimavida.blogspot.pt/

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  6. http://sapato42.blog.pt/2013/03/12/eu-nao-fui-uma-adolescente-estupida-mas-se-calhar-devia-ter-sido/

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  7. Gostei bastante do post, mas eu não fazia essas analogias dessa forma, não vá a Sra (Marta Leite Castro) ficar ofendida e abrir-lhe um processo, sabe que os blogues já têm outro impacto, não se lembra do que aconteceu à pipoca? lol

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  8. Em relação ao acampar à porta do pavilhão atlântico acho um tremendo disparate alimentado pelos pais. Se perguntassem àquelas crianças se dormiriam à porta de um hospital por causa de um familiar, aposto que nenhuma delas dizia que sim, que o fazia.

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    1. Ei, boa analogia. Também não acredito que os putos o fizessem e, pior, que os pais o permitissem.

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  9. Saí, saí, saí, saí perdão, que vergonha.

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  10. Pepper09:09

    o mesmo se passou comigo! fui fazendo porcarias, mas nada de irremediável ou que nao tenha passado com o tempo...resulta! ;)

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