terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

A vida de Pi

Vi o filme. Já tinha visto quase todos os candidatos para os Óscares e pensei que estava na vez do Ang Lee ter uma hipótese. Considero-o um realizador um pouco errático, no sentido em que nunca sei que estilo de filme vai adoptar a seguir, mas a verdade é que mesmo diluindo-se totalmente em tipos de filmes novos, conseguimos perceber sempre, pela magia e pelas lições que nos quer dar nas entrelinhas, que tem a sua assinatura.
"Life of Pi". Sinceramente, o nome não ajudava muito. "A vida de Pi? mas é um filme para crianças?" O cartaz com o miúdo num barco e o tigre também não ajudavam - "é, com certeza, um filme infantil".
Comecei a ver, sem grandes expectativas, portanto.
Primeiro, aparece-nos Pi adulto a ser entrevistado por um escritor canadiano, que queria saber a história da sua sobrevivência ao naufrágio. Estava preparada para a introdução, à Titanic, do contador da história velho, e para o reencontrar depois apenas no último minuto do filme.
- Olá, Pi adulto! Adeus, Pi adulto!
A verdade é que o próprio Pi adulto é interessante e calou-me bem caladinha. Em meia dúzia de minutos explicou-nos o porquê do nome ("With one word, my name went from an elegant French swimming pool to a stinking Indian latrine - I was pissing everywhere"). E eu, que adoro longos apartes, deliciada. Depois, o porquê de seguir várias religiões ("Thank you, Vishnu, for introducing me to Christ."). Novo aparte, novo eu a babar-me. Adorei estas duas pequenas histórias. Tinha vontade de parar a imagem e ouvir outra vez cada frase. Pensar nela. Decorá-la. Então a parte das religiões... fiquei maravilhada!
Depois, temos a história da despedida. O primeiro amor, o primeiro adeus... ("the whole of life becomes an act of letting go, but what always hurts the most is not taking a moment to say goodbye")
E o naufrágio. Como não quero estragar a história a ninguém, só posso dizer que estava a achar a história dos animais muito estranha e as paisagens irreais. Não estava a gostar, porque parecia-me muito fantasioso, muito exagerado, muito irreal.
No final, a história contada aos investigadores, que percebiam perceber o naufrágio, compensou tudo. Tive novamente vontade de pegar no comando, voltar atrás e rever tudo. Ouvir outra vez as frases finais. Questioná-las em voz alta. Falar com o Pi adulto.
"And so it goes with God", remata ele. "It's an amazing story", comento eu e o escritor, quase em uníssono. Mas como assim, Pi? Explicas-me? Também acontece o mesmo com Deus porquê?
Foi assim que saí do filme: desperta, com o coração bem apertado, com vontade de agarrar o livro que deu origem ao filme e lê-lo já de rajada, para ver se o Pi literário me explica estas dúvidas com que fiquei - e, para mim, não há maneira melhor que esta para se sair dum filme.
Pi, se estás aí, temos que falar!


Uma das cenas que achei linda, mas que me estava a parecer demasiado irrealista. Olhando em retrospectiva, é apenas LINDA. Aproveitem a experiência visual e não questionem tanto como eu. Confiem em mim. :)
Pi, estou a adorar esta conversa, mas a Pippa pediu-me para trocar de lugar com ela. Até logo, Pi. Obrigada pelo frango com caril, estava divinal.
Um dos próximos livros que tenho que ler, portanto.

6 comentários:

  1. Já andava curioso com o raio do filme e depois deste post fiquei em pulgas. Já marquei na agenda de hoje à noite :)

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  2. Por acaso, tenho na lista para ver, que eu não gosto de formar opinião pela experiência dos outros. Mas tenho andado na dúvida quanto a este filme, basicamente pelas mesmas razões que tu. Ainda não me tinha convencido que podia valer a pena, mas tu fazes parecer q sim :D

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  3. Anónimo11:18

    Ainda não percebi se gostaste, ou se ficaste só confusa!?

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  4. O filme é maravilhoso! Toda a fantasia se dilui na lição de vida ;)

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  5. Eu vi o filme e gostei muito também =) As imagens mais fantasiosas eram para ficar bem em 3D já que o filme tem em cinema nesse formato!

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  6. Eu nao gostei nada do filme, achei o filme de carater religioso, muito maçudo.. não gostei.

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