Como partilhei aqui e na página do facebook há dias, apesar de não gostar particularmente de andar de avião, decidi ver o Flight - Decisão de risco.
Sabia que corria o risco de nunca mais ter vontade de entrar num avião, mas outros valores falaram mais alto e decidi ver na mesma. Entre os pontos a favor do filme contavam-se o facto de entrar o Denzel Washington e estar nomeado para os Óscares. Por outro lado, admito que claramente sentia uma certa curiosidade mórbida de ver sabendo que talvez não devesse.
O que é certo é que gostei muito e não me arrependi um único segundo. Gostei realmente da prestação do Denzel, que tanto é credível nos momentos em que a personagem se sente a maior à face da Terra, como nos momentos em que está completamente na 'fossa'. Mais: não consegui antecipar o final nos primeiros minutos (como por vezes acontece, o que tira a piada toda) e passei todo o tempo dividida entre compreender a personagem principal, simpatizar com ela ou simplesmente odiá-la. E gostei dessa divisão de sentimentos que o filme gera em nós - ou, pelo menos, gerou em mim. A história podia, para mim, ser dividida em quatro principais capítulos.
- O primeiro é a a descrição da tragédia e a apresentação das personagens principais. Assistimos ao voo, à tempestade que o avião atravessa, à decisão do piloto de contornar o perigo e, depois, à forma como controla o avião. Acho que aqui a ideia é ficarmos divididos entre a admiração pelo piloto, pela destreza única que demonstra e, em simultâneo, sentirmos um certo desprezo pela forma como se entrega ao álcool, às drogas e às mulheres. Se foi um herói ao comando do avião, é, contudo, um anti-herói nos bastidores, é completamente amoral e revela desprezo por todos os outros que o rodeiam.
- Na segunda parte, temos o desenvolvimento da história, em que assistimos à investigação do acidente e à espiral de decadência em que o piloto vai caindo. Cada vez o vemos mais como um anti-herói, como um dependente, um agarrado e sem salvação. Esperamos que seja apanhado, apesar de uma parte de nós nos dizer que salvou toda aquela gente e que qualquer outro, no seu lugar, não o teria conseguido.
- O terceiro capítulo é a audição. Começamos a antever um final para a história, novos pormenores são revelados. O nosso anti-herói continua a despertar em nós um desprezo cada vez maior pela forma como se deixa levar pelas dependências e não consegue ser mais forte que isso. Não vai ser feita justiça. Antecipamos o final.
- Quarta a última parte: o final. Assistimos à audição e sabemos como vai acabar. Mas sabemos mesmo? O nosso vilão parece atingir o limite. Engole em seco, ainda com o sabor a álcool na boca. Aumenta os tiques faciais. Bebe uns golos de água. Encosta-se atrás, mexe-se na cadeira, finge não ouvir. Estará a ouvir apenas, atento, a voz da razão? A reviravolta. Quem é ele?, perguntam-lhe depois. Quem é afinal o nosso (anti)herói? Chega ao fim do filme e continuamos sem saber. Mas, pelo menos, descobrimos que finalmente ele se sente bem com isso e parece ter encontrado alguma paz. Pelo menos ele descobriu quem é. E isso é suficiente para nos tranquilizar.
Tambem gostei imenso do filme e o Denzel faz um papelão!
ResponderEliminarNão adorei o filme, mas é bonzinho! acho que se torna um bocadinho aborrecido por ser tão longo ( e é que aqui não fazem intervalos no cinema).
ResponderEliminara parte do acidente vamos lá ver se fez estragos aqui no sistema quando daqui a umas semanas entrar no avião
Ohh aqui há uns tempos também vi esse filme, e fiz um post com praticamente o mesmo título!
ResponderEliminarTambém adorei, acho que por mais comprido que seja nos agarra do início ao fim. E o Denzel, ai o Denzel. Sempre bem.
http://andiflifegivesyoulemonade.blogspot.pt/2013/01/decisao-de-risco-ou-nao.html
Eu não vi o filme, mas acabei de ver o spoiler e gostei. Vou ver se o compro online.
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