Uma amiga minha emigrou há uns anos. Perdeu-se de amores por um Sueco, ainda tentaram adiar a paixão, ainda perderam horas em viagens para cima e para baixo - ele cá, ela lá, eles os dois cá, eles os dois lá - mas a dada altura tiveram que decidir onde viver. Tinham que decidir qual seria o palco para o seu futuro a dois. Portugal, com o seu calor, praias maravilhosas, boa comida, mas pouco emprego? Ou a Suécia, com o seu frio, estâncias de ski, paisagem plana óptima para andar de bicicleta, emprego para todos e óptimas condições sociais? Ganhou a Suécia. Desde então, foi engraçado assistir à "suecialização" da minha amiga. Primeiro, a língua. Passado uns meses, quando nos veio visitar, já falava bastante com o namorado em Sueco. Para mim, era como se se tivesse entalado com uma espinha na garganta e estivesse a cuspir um "socorro" entredentes, mas pela forma como ele acenava em concordância e respondia de volta, pelos vistos, era afinal ela a dominar a língua trazida pelos Vikings, por isso optei por não chamar o INEM e simplesmente acenar também. Depois, começaram os próprios hábitos. Era vê-la a falar da bicicleta com que ia para todo o lado. Era vê-la a comer coisas esquisitas. Era vê-la a falar dos vizinhos e dos lanches que faziam, qual comunidade. Até que até o apelido mudou. Teve filhos loiros e Suecos. Ficou um ano em casa, a receber 80% ou 90% do salário que tinha, depois de cada parto. E, hoje em dia, a minha amiga converteu-se totalmente e já não há ponta de portugalidade naquele ADN.
Há uns dias, constatei que há muito não tinha notícias dela. E, antes de lhe escrever, como somos amigas do Facebook, fui espreitar o perfil dela, na esperança de me actualizar quanto à sua vida. Apareceram-me várias mensagens escritas pelo marido em Sueco. Uns "kjcdkh regcejhrbg drjhbg kdjs" cheios de pontinhos em cima. Ainda tentei ler de trás para frente, para ver se era português escrito ao contrário, mas não - eram mesmo várias palavras imperceptíveis, enigmáticas, cheias de dramatismo. E ele não parava - "jdgjsweejrrtwjjzz", "kejxelmkjcngkjewaejl!". Aquilo não me estava a soar bem. Algo muito estranho estava a acontecer. Fiz copy paste. Fui ao Google Tradutor. Tinha que decifrar aquilo. Preparei-me para tudo. Resultado?
"Melhor que o assado estava a sobremesa! Nem imaginávamos o que íamos ter a seguir. Que bela surpresa." Fiquei frustrada. Aquilo era a falar de comida? Ia jurar que era algo sábio, enigmático, qual ensinamento de vida. Noutra vida quero nascer Sueca. Vou ser tão mais interessante!
(Além de loira e de fartas mamas).*
*Não adianta dizerem "mas nesse caso os teus amigos vão ser suecos, logo isso não faz sentido". Ou "não existe reencarnação". Ou até "esquece, nunca hás-de ser interessante, nem a falar urdu". Não adianta. O blog é meu e posso sonhar à vontade, aqui. :p
Tanto partilho desse desejo como há uns meses atrás, na loucura, comecei a (tentar) aprender sueco! Claro que ainda não deu em nada, mas hei-de conseguir x)
ResponderEliminarEhehe...
ResponderEliminarOlha que loura, com mais 15cm e um peito avantajado era algo bom!
Tenho uma amiga Sueca e sei que as condições de vida lá são melhores em termos sociais. Mas nada bate o nosso clima :P
ResponderEliminarNo entanto não descartava completamente ir viver para lá.
Os Suecos sao provavelmente o povo mais xenofobo da Europa do Norte, especialmente no que toca aos europeus do sul. A Noruega e uma melhor opcao.
EliminarFalta um pequeno pormenor: as nórdicas não são muito adeptas da depilação:)Gostam de andar ao natural:)
ResponderEliminarÂngela
E eu a pensar que ia sair daí uma daquelas cabeludas :-) Afinal, era só comida... mesmo assim é uma história engraçada :-)
ResponderEliminarEu *seria tao mais interessante se..
ResponderEliminarEngraçado de ver como as pessoas se adaptam as suas novas vidas!
ResponderEliminarAchas mesmo?? Olha se soubesses a minha desilusão coom a suécia e os suecos...gentinha, é o que te digo!
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