quinta-feira, 20 de junho de 2013

O Cupido que habita em nós

É inegável - todos temos um Cupido endiabrado dentro de nós, a baloiçar a sua setinha, agitado e ansioso por poder atirá-la e acertar certeiramente num belo coração desprotegido (ia dizer "rabiosque", mas depois pensei melhor - os Cupidos acertam é no coração, certo?). O problema é que o coração tem razões, como diz o povo e muito bem, que a própria razão desconhece. O coração não liga a regras da matemática, não liga à lógica, não liga a nada. O Cupido endiabrado que habita dentro de nós pode racionalmente considerar que aquele par tem tudo para dar certo, pode tentar juntá-los e.... nada! Muitas vezes o melhor casal é aquele mais improvável, nada a fazer.

Quando era mais nova, lembro-me que já tinha um "marido determinado" - era o filho duns amigos dos meus pais. Até era bastante giro, com uns certos ares de Príncipe William, boa postura, simpático. E, no entanto, talvez pelo desejo mal disfarçado dos nossos pais de nos verem juntos, a olharem para mim e já a porem-me um véu e uma grinalda imaginária, nunca em algum momento pensei sequer "e se...?". Nada. E muitas férias passámos juntos até aos 20 anos. A única coisa que conseguiram foi que ele me causasse sempre alguma irritação. Tivemos inclusivamente que vir a ser separados algumas vezes, porque estivemos praticamente a andar à luta por motivos estúpidos. Mais uma vez, nada a fazer. Não adiantava tentar fazer de nós um casal apaixonado, a viver numa casa branca, com dois cães e três filhos.

A setinha dos meus pais nunca me acertou, nem a mim nem a ele. A verdade é que conheço poucos casos em que os Cupidos mais óbvios tenham conseguido levar avante os seus intentos. Não há nada pior que encontros arranjados, amores forçados, ou tentar à viva força atirar alguém para cima de outro. Roça o desespero e tira toda a vontade de conhecer a pessoa imposta. Não concordam? No exemplo que contei, eu era uma criança, mas já assisti a encontros com adultos em que os diálogos eram algo como "não gostas de jogar squash, Sara? O Luís também adora! Podiam jogar juntos!" ou "Pedro, não querias ver a estreia daquele filme? Podias convidar a Teresa, que também não viu ainda o filme". Não. Pior estratégia de sempre. Muitas setas hão-de enferrujar assim, é o que tenho a dizer.

5 comentários:

  1. Há pessoas que não tem jeito para ser cupido e outras que não estão destinadas e ficar juntas!

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  2. Concordo contigo. Só é o que tem de ser e com quem tem de ser. Esses arranjinhos são do pior.

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  3. Eu confesso que tenho um bocado alma de cupido e já tentei alguns arranjinhos, muitos sem qualquer resultado. Mas 'juntei' uma das minhas melhores amigas com o melhor amigo do meu homem e correu tão bem :) estão juntos há 2 anos e até ja vivem juntos. Fui uma boa 'cupida', pelo menos uma vez na vida:)

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  4. Que péssima notícia..! Eu ando empenhada neste momento a juntar não um, mas dois casais e nunca o meu cupido interior esteve mais assanhado! Será que devo parar enquanto é tempo?

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  5. Conheço uma rapariga que os pais dela e o irmão do agora namorado fizeram tudo para os juntar e já faltou mais para o casamento ser marcado. O que me aflige um bocado porque aquilo foi mesmo empurrado, não houve escolha. Mesmo muito fora, coitados.
    Por outro lado, há o lado engraçado de ser cupido. Eu sou uma espécie de cupido da minha prima, digo sempre que ela vai ficar com um rapaz mesmo ela estando com outros. O que se há-de fazer, é algo que nasce connosco. Todos temos um lado Teresa Guilherme :)

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