segunda-feira, 17 de junho de 2013

O casamento e o papel

Há dias, perguntava aqui, o que mudava, afinal com o papel. E por "papel", entenda-se o casamento. Facto é que muitos de referem ao casamento como o "papel", utilizando frases como "gostamos um do outro e vivemos juntos, um papel não iria mudar nada". No entanto, se fosse tão redutor assim, porque é que assistimos, muito recentemente, à luta (que chegou ao Tribunal Constitucional), pelo direito ao casamento entre pessoas do mesmo sexo? Se fosse só um papel, poderíamos tão simplesmente responder aos casais interessados "vá, desistam dessa luta inglória... É um papel!". Se fosse só um papel, poderíamos passar pelas igrejas e informar os padres da sua função irrelevante. Poderíamos passar pelas Conservatórias e actualizar também os Conservadores do seu papel irrisório. Poderíamos aproveitar e telefonar a algumas quintas onde se realizam casamentos a avisar que era melhor dedicarem-se a aniversários. Deveríamos também escrever alguns emails a lojas de vestidos de noiva e aconselhá-las a especializarem-se em vestidos de noite. Por fim, teríamos a obrigação de contactar os escritores de contos infantis para esquecerem de vez o célebre "casaram e viveram felizes para sempre" e alterarem este final para "foram viver juntos e viveram felizes para sempre".

Para mim, no entanto, mais que um simples "papel", o casamento sempre foi uma certeza: sabia que, um dia, encontrando a pessoa certa, queria casar-me. Não pelos meus pais ou família conservadora (porque nem são), mas por mim. Porque, para mim, o casamento sempre foi visto como um compromisso solene, um ritual em que duas pessoas olham uma para a outra e prometem, perante o Padre, a família e Deus, amar-se e respeitar-se para sempre. "Ah, mas existe divórcio". "Ah, mas há relações sem casamento que funcionam na mesma ou até melhor". É verdade. No entanto, mesmo com o conhecimento desses exemplos, sempre vi o casamento como o natural culminar de uma verdadeira história de amor. Mais que isso: sempre vi o casamento como o início dum belo conto ao estilo do "era uma vez", em que duas pessoas se amam, desejam viver juntas, ter filhos, construir um projecto e envelhecer juntos.

Por isso, apesar dos custos associados a uma cerimónia destas (sim, os casamentos tradicionais são caríssimos!), e apesar de saber que o casamento não significa, por isso só, um acréscimo automático do amor entre o casal, para mim sempre foi - repito - uma certeza. Sempre me quis casar se encontrasse a pessoa certa. E ainda bem que o fiz, o ano passado. Foi o melhor dia da minha vida. E passei a sentir-me mais completa. Porquê? Afinal não é só uma aliança? Afinal não. Algo mudou. O quê? Não sei bem explicar. Mas tornei-me outra pessoa desde esse dia. E, sinceramente, acho que essa pessoa é uma pessoa mais tranquila e feliz. E é uma pessoa que acredita genuinamente que pode ter o seu "felizes para sempre".

10 comentários:

  1. "Facto é que muitos de referem ao casamento como o "papel""

    Qual papel? O papel! Qual papel? O papel! Qual papel? O papel! :P

    Não resisti...looool


    Respondendo à tua pergunta: "No entanto, se fosse tão redutor assim, porque é que assistimos, muito recentemente, à luta (que chegou ao Tribunal Constitucional), pelo direito ao casamento entre pessoas do mesmo sexo?"

    É facil. Porque casada uma pessoa tem mais direitos legais e beneficios fiscais. E a maior razão: porque é uma questão de igualdade de direitos na sociedade.


    "Poderíamos aproveitar e telefonar a algumas quintas onde se realizam casamentos a avisar que era melhor dedicarem-se a aniversários."

    Não, porque o que conta é a festa que se faz e não propriamente o assinar um papel.

    ResponderEliminar
  2. Anónimo12:50

    Blah, Blah, Blah...

    Uma opinião da qual não partilho!! Mas se lhe fez bem o casamento, ainda bem!!

    Julgo que o Jedi Master Atomic acerta na mouche com:

    "Respondendo à tua pergunta: "No entanto, se fosse tão redutor assim, porque é que assistimos, muito recentemente, à luta (que chegou ao Tribunal Constitucional), pelo direito ao casamento entre pessoas do mesmo sexo?"

    É facil. Porque casada uma pessoa tem mais direitos legais e beneficios fiscais. E a maior razão: porque é uma questão de igualdade de direitos na sociedade"

    Paulo

    ResponderEliminar
  3. Observador Atento13:25

    Há 10 anos que namoro com uma rapariga e com ela partilho "cama, casa e mesa". Ainda não encontrei coragem para a pedir em casamento (não sou muito original e sei que o pedido deve ser algo especial). Mas agora tudo mudou, fez-se luz na minha cabeça:
    - "-Princesa, queres casar comigo? Diz que sim porque vamos ter mais direitos e benefícios fiscais."

    ResponderEliminar
  4. Eu partilho da mesma opinião que tu. Ainda não casei, mas gostaria de um dia fazê-lo. Pelo papel, pelo reconhecimento, pela festa, pela partilha com familiares e amigos. Pelo dia, pelo divertimento e pelo sonho.

    ResponderEliminar
  5. Na minha opinião o casamento é nada mais nada menos que a partilha da vida de duas pessoas. O dia em que entramos na igreja vestidas de noiva é apenas uma fantasia, a lua-de-mel é outra fantasia, assinar papeis é mais outra de muitaaas outras fantasias. Um dia também quero casar. Para já, vamos ver se temos direito ao arrendamento jovem. Caso contrário, começo a fantasiar. Porque a realidade nua e crua (a partilha de casa, cama e contas) já existe e está a correr muito bem Graças a Deus!

    ResponderEliminar
  6. Matilde16:36

    No dia em que encontrar o homem certo, talvez me case. Digo talvez, porque, em primeiro lugar, ainda sou muito nova para pensar nisso (tenho 16 anos) e depois acho que o facto de me casar não iria alterar uma série de coisas.
    Sei que é um pouco errado dar importância somente aos bens de consumo e não àquilo que representa a união entre duas pessoas que se amam, mas neste momento penso que só me casaria por causa da festa em si, do vestido, e não pelo papel assinado ou pelo facto de ser pela Igreja.

    ResponderEliminar
  7. Anónimo17:02


    O recheio que se põe às etapas
    da nossa vida, contribuem para o
    "sermos felizes para sempre"
    A vida só vale a pena com «fantasia»

    ResponderEliminar
  8. Acho que quando duas pessoas se amam de verdade e querem ficar juntas "para sempre", o casamento é natural. Sempre tive algum receio do casamento, porque os meus pais são divorciados e achava que não era pra mim. Mas depois de conhecer o meu King, não tenho dúvidas e medos em relação ao casamento! E está quase :)

    PS: Amigos que moravam juntos antes do casamento dizem que muda algo, não sabem bem o quê, mas que é diferente. Quando souber digo!

    beijinhos

    coisasquetaiseafins.blogspot.pt

    ResponderEliminar
  9. É verdade sushi, não podia estar mais de acordo com os teus amigos.

    Eu namorei muitos anos, depois naturalmente quando compramos casa começamos logo a morar juntos e só 3 anos a seguir é que casamos. Continuo a vida igual ao que já fazíamos, mas a sensação depois do casamento foi diferente. Também não sei explicar, mas passou a ser algo mais "especial"...

    O dizer o meu "Marido" oficial é diferente do "moramos juntos"

    ResponderEliminar
  10. Oops20:53

    Dizer que o casamento e so um papel a mesma coisa de dizer que um contrato de trabalho e so um papel, uma nota de 100 euros e so um papel, um registo de propriedade e so um papel etc. Mesmo havendo uma tendencia em tentar separar o conteudo do instituto em si (talvez por medo da pressao ou de cair em exemplos passados errados) acho que e perigoso entrar-se num casamento com estas visoes de ignorancia basicamente. Um casamento nao e so um papel, isto que fique claro para as pessoas. O meu conselho e que se ha pessoas que pensam assim e estao numa de se casar, nao se casem. Esperem e informem-se sobre o significado do que vao fazer.

    ResponderEliminar