quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Não sabemos o que queremos

"Manual sobre as Mulheres: como funcionam, como conseguir agradar-lhes e fazê-las feliz."
Volume I já à venda.
Eles queixam-se que dizemos uma coisa e queremos outra.
Que damos sinais contraditórios.
Que umas vezes gostamos de mimos e outras vezes de paixão mais assolapada.
Que às vezes rimo-nos. E que, por vezes, a mesma coisa nos irrita.
Tenho noção que sou assim e admito-o.
Ontem, perguntou-me se achava bem que fosse até casa dum amigo jogar um jogo da Playstation em que andam todos os amigos viciados (eu cheguei a tentar jogar, mas desisti... achei mau demais!). Olhei para ele, meio tristinho com o resultado do jogo de futebol a que tinha acabado de assistir, a fazer olhinhos de bambie e lá lhe disse, sem pensar duas vezes: "claro que sim! Vai, que sempre animas um bocadinho e eu aproveito e adianto trabalho para amanhã". "E qual é o limite de hora que me dás?". Pergunta-me sempre isto, como se eu fosse mãe. Eu acho piada. Às vezes negociamos. O que é certo é que, diga a hora que disser, ele cumpre sempre, religiosamente, feito relógio suíço. A maior parte das vezes até é ele que se auto-impõe um tempo limite e aparece antes da hora. Muito bem educadinho, o rapaz (e não, não foi por mim. Já me foi entregue assim, domesticado. Parabéns, sogrinha!).
Lá foi ele, feito puto, e eu a sentir-me espectacular por ser tão compreensiva e só me preocupar com a felicidade dele. A hora limite ontem, dita por ele, era meia-noite e meia, o que lhe dava duas horas de pura matança na Playstation. Eu atirei-me ao computador, no silêncio da casa, a trabalhar.
Quando olhei para o relógio já era uma da manhã. O mal das pessoas pontuais é este (e por isso é que eu não sou, coff coff): quando se atrasam, estranhamos. Comecei a ficar irritada e com pensamentos como "é sempre o mesmo, não chegou ter passado duas horas a ver futebol, ainda se vai embora no fim, ter com os amigos. Que lata.." e a linha de pensamentos ia sempre piorando.
Lá chegou.
- Então? Muito bem, que pontual, ironizei.
- Oh... gozas sempre comigo por até vir antes da hora! Algum dia tinha que me atrasar.
- Mas não percebo: tens sempre sono. Hoje que estavas com os teus amigos já não te deu o sono, foi?
- Deu-me o sono, mas o jogo não acabava. Correu mesmo bem! Batemos os records todos!! Vamos para a cama?
- Nãa nãa. Se não tens sono para os teus amigos, também não tens sono para mim! Vou pôr música e temos que dançar e aproveitar que estás tão desperto!
Pus a música nas alturas. Ele ria-se, enquanto vestia o pijama. Lá me ri também e percebi que realmente nunca sei o que quero. Gosto que ele esteja com os amigos e incentivo-o sempre a marcar coisas e a ligar-lhes, porque é que já estava irritada? Gozo-o por chegar sempre antes da hora e hoje ia chatear-me? Insisti para que fosse, toda compreensiva, e agora ia amuar? Lá desliguei a música.
- O que te vale é que ao menos admites que és incoerente e ris-te de ti própria. E sabes que eu te acho piada, dizia-me ele, enquanto apagava a luz.
Pronto, é o que me vale. Desliguei a música.

Vêem o livro da imagem em cima? Realmente são precisos muitos livros daquele tamanho para se perceber estas confusas cabeças femininas. ;)

11 comentários:

  1. Também sou assim um pouco (muito) contraditória, as vezes penso que é só para implicar =)

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    1. E é mesmo. Às vezes precisamos dum drama para animar as coisas.

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  2. Pensei que aquele livro tivesse as páginas todas em branco e o título fosse: "Tudo o que os homens sabem sobre as mulheres."

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    1. Realmente são parecidos, quando vi a imagem também confundi. A diferença é que este tem mais 2 páginas. ;)

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  3. Ele é um amor e tu uma risota!! ;)

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  4. Ele é um amor e tu uma risota!! ;)

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  5. adoro o qe tu escreves!!

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  6. Mariana10:36

    Olha eu...é que é tal e qual!

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  7. Ah! Acabaste de me descrever ahah

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  8. E nós é que somos todos iguais?

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  9. What?? Horas para chegar? E é ele que pergunta?
    Eu não ia nessa... Depois tinha eu de seguir o mesmo caminho...

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