quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Substituta para o sexo

On seeing a sex surrogate, no original, foi o artigo publicado por Mark O'Brien, em 1990, sobre a forma como os encontros que teve, sete anos anos, com uma "substituta para o sexo" (uma espécie de terapeuta sexual devidamente certificada) mudaram totalmente a sua vida. O artigo deu ainda origem ao recente filme The Sessions/ Seis Sessões.
E quem é Mark?
Poderíamos dizer apenas que Mark é um poeta e jornalista. Domina as palavras como ninguém. Mark é capaz de tocar no ponto mais profundo duma mulher só com palavras. Arrebata-as com o dom da escrita, de uma forma que nenhum outro homem alguma vez conseguirá.
Poderíamos também dizer que Mark tem um óptimo sentido de humor. Um sentido de humor duro e realista que não deixa ninguém indiferente.
Ou então poderíamos também descrever Mark como um jovem de 38 anos ainda virgem, com fantasias sobre o amor, capaz de se apaixonar com cada sorriso que se cruze com ele, capaz de sonhar com cada perfume que sente ou cada voz que lhe sussurrem.
Poderíamos ainda optar por dizer que Mark é um católico fervoroso e que, apesar de fantasiar com o amor, a ideia de ter sexo lhe soa a algo intolerável, carregado de pecado e de proibição. Perante uma Bíblia em que a ideia mais repetida é o sexo e a carga negativa que o mesmo transporta, e educado por uma família rígida e conservadora em que tais assuntos jamais se debateram, Mark encontra na Igreja o único local possível para encontrar a absolvição dos seus demasiados pensamentos profanos.
Mas Mark é também um jovem preso a uma cama, com os músculos do seu corpo atrofiados, e dependente de respiradores artificiais. Aliás, para muitos, ele será só definido por esta última frase.
No entanto, este é apenas um aspecto da sua vida e não é isso que o caracteriza. Mark é muito mais que isso e percebemos a sua complexidade logo nos primeiros momentos do filme, quando o mesmo é filmado, para um canal de televisão, no dia da cerimónia de graduação.
Mark não é uma vítima. Tinha tudo para se sentir assim, mas preferiu utilizar a religião e o sentido de humor como instrumentos que o ajudem a suportar tudo com optimismo. E é ouvi-lo dizer, a dada altura: "I believe in a God with a sense of humor. I would find it absolutely intorable not to be able to blame someone for all this."
Acontece que, por vezes, o lado de poeta dotado de um óptimo sentido de humor e capaz de atrair qualquer mulher confronta-se com o lado de jovem virgem e católico. A verdade é que sente a poesia a correr-lhe nas veias e tem vontade de sentir também no corpo as sensações que apenas imagina. Quer sentir na pele tudo aquilo que é capaz de dizer por palavras.
A meio desta viagem junta-se-lhe o padre, a quem conta que precisa de sexo. "Sem casamento?!", pergunta o padre, primeiro indignado. "Eu tentei ir por aí, mas não resultou", explica Mark. Depois de alguma hesitação, o padre dá-lhe "carta branca" em nome de Deus.
"Go for it!".
E assim começam as sessões. E, simultaneamente, uma nova vida para Mark.

No fim do filme, demos por nós a debater a história:
- Por que choraste?, perguntou-me. O filme não dava para chorar assim. É um filme optimista. Ele era feliz. Se pensares bem, o filme é sobre todas as partes boas da vida dele!
- Acho que o que me fez chorar foram exactamente todas as partes que estão entre as partes boas. Foram as entrelinhas.
O que me fez emocionar mais, tanto neste filme, como no Intouchables, foi a capacidade de alguém, perante o drama, conseguir ser feliz. Perante as dificuldades, sorrir. Porque a dificuldade está em todo o lado! Está no acordar, está no dormir, está na simples comichão que não se pode coçar... Emocionei-me ao pensar nestas pessoas que não são autónomas, 100% dependentes de terceiros e que conseguem encontrar sentido de humor nisso.
Além disso, emocionei-me com o poder das palavras. Neste filme, as duas primeiras mulheres que se cruzaram com ele tinham alguém nas suas vidas. Mesmo assim, ambas se apaixonaram de alguma forma por aquele homem. Porquê? Pelo poder que tinha de as fazer sentir especiais. Por saber ouvi-las. Valorizá-las. Enaltecê-las. Expliquei-lhe também tudo isto, no fim do filme.
- Hmmm... Então queres dizer que as mulheres precisam de homens-objecto?
- Como assim?
- Vocês precisam de alguém que vos elogie, apenas, nem que seja alguém que tenham que andar a empurrar num carrinho e não seja autónomo. Desde que vos elogie, tudo bem.
- Não é isso. Deturpaste tudo. Precisamos de carinho, ponto final. Venha da forma que vier.
- Aiii... Nunca se cansam disso?
- Não. E agora faz-me lá festinhas, que fiquei carente com o filme.
Espero que gostem tanto do filme como eu gostei. E, se virem, espero também que venham cá comentar para trocarmos ideias.

3 comentários:

  1. Ainda não vi o filme, mas depois deste post esvou vê-lo de certeza! Já fiquei emocionada com a tua descrição, li poucas sinopses tão boas :)

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  2. Já vi o filme e gostei =)

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  3. Anónimo19:08

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