quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Deixa-me escrever a história da tua vida.

"Já tive mulheres de todas as cores,
De várias idades, de muitos amores.
Com umas até certo tempo fiquei.
Pra outras apenas um pouco me dei.
Já tive mulheres do tipo atrevida,
Do tipo acanhada, do tipo vivida.
Casada carente, solteira feliz.
Já tive donzela e até meretriz.
Mulheres cabeça e desequilibradas.
Mulheres confusas, de guerra e de paz"

Com certeza quase todos conhecem estas palavras, que são parte da letra desta música do brasileiro Martinho da Vila. A música chama-se - como não poderia deixar de ser - "Mulheres", e conta a história dum D. Juan que andou a espalhar o seu charme junto de mulheres de todas as faixas etárias, raças, maneiras de ser e estados civis. Este D. Juan começa por nos contar a sua vasta experiência no amor, descrevendo todo o tipo de mulheres com que se envolveu ao longo da sua vida. Até que, a dada altura, assume que em todas procurava, afinal, a felicidade. E termina assumindo que, por muita felicidade que tenha procurado, a pessoa que mais feliz o fez foi aquela a quem canta agora a música, e que é aquela por quem está completamente apaixonado. Não sabemos se é correspondido, mas pela forma confiante com o que o diz, diria que sim. A música termina bem, termina duma forma romântica, portanto, ao contrário do que estes versos que aqui mostro poderiam deixar antever.

Ora, eu tenho um amigo que é nitidamente a versão portuguesa do autor desta música. Só que é a versão portuguesa do autor ainda na fase da conquista, isto é, antes de encontrar a mulher da sua vida. Já não é um jovem de 18 anos - é da minha idade -, mas continua constantemente a conquistar e a apresentar-nos "amigas" diferentes. E dou por mim tantas vezes a pensar o quanto gostaria que ele encontrasse alguém para "assentar"....! O Cupido que há em mim já viu até mil e uma opções, mas, infelizmente, a seta ainda não o acertou. Por isso, ao invés de continuar a sonhar com a princesa encantada dele, dei por mim, no outro dia, a imaginar como seria escrever a história de vida dele. A pensar o quanto todos poderíamos aprender sobre a mente masculina e também sobre as mulheres. Sim, porque ele desenvolveu mil e uma estratégias para as conquistar e a verdade é que até parece que resultam em 99% dos casos. Pormenores como falar dum futuro a dois. Apresentar amigos. Elogiar muito. Ouvir mais e falar menos. Chamar nomes carinhosos, sem medo. São tudo pormenores que, segundo nos conta, resultam praticamente sempre. Às vezes gostava de me sentar com ele e escrever a vida dele, qual diário. Saber o que pensa quando conhece alguém novo. Saber se ainda sente borboletas no primeiro beijo. Saber se ainda é surpreendido nas conversas. Saber o que procura em cada uma delas. Saber se sente um vazio na vida dele ou se se sente feliz. Sei que o homem é um animal de caça, mas não é um animal de família também? Não fará falta, no final do dia, alguém que esteja lá sempre?...

Já me disseram que ele é o mais feliz dos homens, e que a história passada para o papel não teria interesse nenhum, porque seria apenas uma repetição de conquistas. Eu não acredito. Acredito que, tal como na música do Martinho da Vila, ele anda "apenas" a procurar a felicidade. Acredito que se quer apaixonar. Ser surpreendido. Sentir outra vez as borboletas. Dar a mão a alguém. E acredito que se sente sozinho muuuuuuuuitas vezes. E com um vazio dentro dele. Acredito que os mulherengos procuram, a partir duma certa idade, já não alguém para passar a noite, mas alguém para passar a vida. Concordam comigo, ou será uma versão demasiado romântica dos factos?

5 comentários:

  1. Anónimo11:51

    Pippa,
    Falando da minha experiência.
    Eu durante algum tempo, apenas queria conhecer mulheres e sentir a excitação de conhecer pessoas novas, as borboletas no estômago, ter novas experiências, após algum tempo, essa constante busca começou a cansar e comecei a sentir a necessidade de encontrar alguém que me fizesse assentar.
    Encontrei essa pessoa, mas se me perguntares se a pessoa me satisfaz a 100%, eu digo que não, aliás, nunca houve uma mulher que fosse 100%, se calhar o problema é meu.
    Não existem relações perfeitas e a rotina mata mtas e eu sinto isso, no entanto, assumo a escolha que fiz.
    Se me perguntares se sinto a necessidade da busca, só sinto falta da adrenalina de conhecer uma pessoa nova e a busca pelo desconhecido, no entanto, sabe mt bem chegar a casa e ter alguém à nossa espera.

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  2. Narcy11:53

    Antes de mais, parabéns pelo blog. Adoro ler os teus textos e identifico-me bastante com aquilo que escreves. além disso, dá gosto ler textos tão bem escritos. É o meu blog preferido:)
    Quanto ao assunto deste post, concordo plenamente contigo. Penso que, a partir de certa altura das nossas vidas, todos queremos encontrar alguém para partilhar uma vida a dois e não apenas para passar a noite ou viver uma ou outra aventura.
    Bjs.

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  3. Este post fez-me pensar em Californication... Provavelmente se escrevesses o livro da vida dele ia acabar por sair qualquer coisa relativamente semelhante. Eu lia!

    Quanto à idade de 'assentar', acho que nem toda a gente nasceu para estar casado e com filhos. Se eventualmente ele não encontrar uma mulher que o 'ponha nos eixos' pode acabar por ser um D. Juan para sempre, e eu acho que é bem melhor do que contentar-se com a segunda ou a terceira melhor opção.

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  4. La poesia di Martinho da Vila è bellissima.
    Grazie per la visita e commenti così gentile sul nostro blog.
    Saluti,
    Architteto Dolce Filiberto di Savoya, PhD

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    1. Eu é que agradeço a visita, Ilustre Architteto Dolce Filisberto di Savoya, PhD, o meu comentador com o nome mais comprido. É sempre uma honra. ;)

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